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Mais de 50 mil pessoas morreram em viagens migratórias em oito anos

Refugiados e migrantes em um barco de madeira são resgatados perto da ilha italiana de Lampedusa, no Mar Mediterrâneo.
© Acnur/Alessio Mamo
Refugiados e migrantes em um barco de madeira são resgatados perto da ilha italiana de Lampedusa, no Mar Mediterrâneo.

Mais de 50 mil pessoas morreram em viagens migratórias em oito anos

Migrantes e refugiados

OIM ressalta que 60% das vítimas não foram identificadas; Afeganistão, Síria e Mianmar estão no topo da lista dos países de origem; Mais de 9 mil dos corpos que reconhecidos eram africanos.

A Organização Internacional para Migrações, OIM, confirmou mais de 50 mil mortes em viagens migratórias ocorreram em todo o mundo desde 2014. Esse ano marca o início dos registros do Projeto de Migrantes Desaparecidos.

A agência publicou um novo relatório indicando ter havido pouca ação dos governos dos países de origem, trânsito e destino das vítimas para enfrentar a crise global  de migrantes desaparecidos.

Dois migrantes descansam ao meio-dia à sombra em Aden, Iêmen.
OIM/Rami Ibrahim
Dois migrantes descansam ao meio-dia à sombra em Aden, Iêmen.

Rotas do Mediterrâneo

A nacionalidade de mais 30 mil vítimas fatais é desconhecida, uma indicação de que mais de 60% dos que morrem em rotas migratórias sem serem identificados deixam milhares de famílias em busca de respostas.

Mais de 9 mil dos corpos reconhecidos eram de africanos. A segunda região de origem é a Asia, com mais de 6,5 mil. Outros 3 mil foram das Américas.

Afeganistão, Síria e Mianmar distinguem-se como focos de violência. Muitas pessoas deixam suas casas em busca de refúgio no exterior.

Mais da metade do total das mortes ocorreu em rotas para e dentro da Europa, sendo que no Mar Mediterrâneo foram ceifadas 25.104 vidas. A região registrou pelo menos 16.032 desaparecidos cujos restos mortais nunca foram recuperados.

África é a segunda região com mais mortes de pessoas em movimento. Os números podem ser bem maiores do que os registros, defende a OIM.
OIM/Rami Ibrahim
África é a segunda região com mais mortes de pessoas em movimento. Os números podem ser bem maiores do que os registros, defende a OIM.

Crianças

África é a segunda região com mais mortes de pessoas em movimento. Os números podem ser bem maiores do que os registros, defende a OIM.

Quase 7 mil óbitos foram documentados nas Américas, a maioria em rotas para os Estados Unidos com 4.694.

Acima de 4 mil mortes aconteceram na fronteira terrestre dos Estados Unidos com o México desde 2014.

Em relação à Ásia, com 6,2 mil perdas de vidas documentadas em rotas migratórias, as crianças perfazem 11% do total vidas perdidas sendo a maior proporção regional.

Menores da minoria rohingya superaram a metade das 717 mortes de crianças durante a migração na região.

A OIM fez um apelo aos países para que observem as obrigações do direito internacional, incluindo o direito à vida.
© IOM Mozambique
A OIM fez um apelo aos países para que observem as obrigações do direito internacional, incluindo o direito à vida.

Direito internacional

Na Ásia Ocidental, pelo menos 1.315 vidas foram perdidas em rotas migratórias. Muitas delas ocorreram em países com conflitos no que torna difícil a documentação de migrantes desaparecidos.

Pelo menos 522 pessoas que chegaram do Chifre da África morreram no Iêmen.

A violência foi a principal causa, destacando-se a mortes de 264 sírios em tentativas de cruzar a fronteira para Turquia.

A OIM fez um apelo aos países para que observem as obrigações do direito internacional, incluindo o direito à vida.

A agência pede atuação conjunta para prevenir e reduzir o aumento de mortes. A prioridade devem ser operações de busca e resgate, melhorar e expandir rotas regulares e seguras de migração e garantir que a governança da migração dê primazia à proteção e segurança das pessoas em movimento.