Chefe da ONU celebra renovação da Iniciativa de Grãos do Mar Negro

António Guterres destacou que acordo é essencial para evitar crise alimentar global e se comprometeu em remover obstáculos para exportação de fertilizantes russos; iniciativa foi estendida por mais 120 dias; renovação acontece em meio a intensos ataques aéreos contra o território ucraniano, que danificou 40% da geração de energia do país.
O secretário-geral da ONU celebrou o acordo das partes para continuar a Iniciativa de Grãos do Mar Negro. António Guterres promete seguir facilitando a navegação segura de exportação de grãos, alimentos e fertilizantes dos portos da Ucrânia.
Ele adicionou que as Nações Unidas estão totalmente empenhadas em apoiar o Centro de Coordenação Conjunta para que esta rota de abastecimento continue a funcionar sem problemas.
De acordo com Guterres, a ONU também está trabalhando para remover os obstáculos remanescentes à exportação de alimentos e fertilizantes da Federação Russa.
O líder das Nações Unidas explicou que os acordos assinados em Istambul há três meses são essenciais para reduzir os preços dos alimentos e fertilizantes e evitar uma crise alimentar global.
Para ele, a Iniciativa de Grãos do Mar Negro continua a demonstrar a importância da “diplomacia discreta” no contexto de encontrar soluções multilaterais.
Segundo agências de notícias, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que vem atuando como mediador das negociações, afirmou que o acordo foi estendido por mais 120 dias a partir de 19 de novembro.
A secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, também declarou em suas redes sociais que a renovação da Iniciativa de Grãos do Mar Negro “é uma boa notícia para a segurança alimentar global e para o mundo em desenvolvimento”.
Para Rebeca Grynspan, o acordo continua sendo um “farol de esperança” e prova do que a liderança e o multilateralismo podem alcançar, mesmo em meio à guerra. Ela adicionou que encontrar soluções para a crise de fertilizantes deve vir a seguir.
O presidente da Assembleia Geral, Csaba Kőrösi, elogiou à Rússia, Ucrânia e Turquia por se engajarem no diálogo para abordar a crise global de segurança alimentar desencadeada pela guerra.
Ele reforçou que a iniciativa “ilustra o que é possível quando a diplomacia, o diálogo e o multilateralismo são priorizados” e lembrou que a exportação de mais de 10 milhões de toneladas de grãos e alimentos foram possíveis graças ao acordo.
Os desdobramentos da guerra na Ucrânia foram debatidos no Conselho de Segurança nesta quarta-feira. A subsecretária para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo, falou aos membros do órgão e destacou os riscos do conflito se espalhar permanecem reais.
A chefe de assuntos políticos destacou o incidente na Polônia nesta terça-feira, afirmando que “foi um lembrete assustador da necessidade absoluta de evitar qualquer nova escalada”.
Ela fez o alerta após alguns intensos bombardeios nos últimos dias. Várias cidades ucranianas, incluindo a capital Kyiv, foram atingidas por mísseis e drones russos, destruindo ou danificando casas e interrompendo gravemente serviços críticos.
Assim, DiCarlo reforçou que “ataques contra civis e infraestrutura civil são proibidos pelo direito humanitário internacional”.
Mais de 16.630 vítimas civis foram registradas nos nove meses de combates, com 6.557 mortes, de acordo com o Escritório de Direitos Humanos da ONU.
O bombardeio em andamento já danificou cerca de 40% da capacidade de geração de energia do país. Segundo DiCarlo, Kyiv foi a mais atingida já que a maior parte da cidade está sem eletricidade por 12 horas por dia.
Ela afirmou que enquanto o governo ucraniano se concentra em reparar a infraestrutura danificada, as Nações Unidas priorizaram garantir que os mais vulneráveis recebam suprimentos e serviços de inverno.
Até agora, mais de 185 mil pessoas receberam suprimentos básicos essenciais para o frio.