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OMS promove novas diretrizes para cuidados com bebês prematuros

OMS lançou uma nova diretriz sobre cuidados, orientando que prematuros sejam colocados diretamente em contato pele a pele com cuidador
© Unicef/Zahara Abdul
OMS lançou uma nova diretriz sobre cuidados, orientando que prematuros sejam colocados diretamente em contato pele a pele com cuidador

OMS promove novas diretrizes para cuidados com bebês prematuros

Saúde

Contato pele a pele iniciado imediatamente após o nascimento tem se mostrado uma prática eficaz para saúde dos recém-nascidos; globalmente, aproximadamente 15 milhões nascem prematuramente a cada ano; chances de sobrevivência é maior em países de alta renda.

Desde 2011, o dia 17 de novembro é reconhecido como o Dia Mundial da Prematuridade com o objetivo de dar visibilidade e sensibilizar sobre as necessidades e direitos dos bebês prematuros e das suas famílias.

Neste ano, a Organização Mundial da Saúde, OMS, lançou uma nova diretriz sobre os cuidados, orientando que prematuros sejam colocados diretamente em contato pele a pele com o cuidador, conhecido como método canguru. Isso deve ser feito imediatamente após o nascimento, sem qualquer período inicial em uma incubadora.

Método canguru deve ser feito imediatamente após o nascimento, sem qualquer período inicial em uma incubadora
Doris Mollel Foundation.
Método canguru deve ser feito imediatamente após o nascimento, sem qualquer período inicial em uma incubadora

Bebês prematuros e pequenos

A recomendação marca uma mudança significativa em relação à orientação anterior e à prática clínica comum, refletindo os imensos benefícios para a saúde de garantir que os cuidadores e seus bebês prematuros possam ficar próximos, sem serem separados, após o nascimento.

A diretriz é direcionada para bebês nascidos antes de 37 semanas de gravidez, ou pequenos, com menos de 2,5 kg e busca melhorar a chance de sobrevivência e os resultados de saúde.

As diretrizes também fornecem recomendações para garantir apoio emocional, financeiro e no local de trabalho para famílias de bebês muito pequenos e prematuros, que podem enfrentar estresse e dificuldades com a rotina de cuidados intensivos e ansiedades em relação à saúde de seus bebês.

Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, as recomendações mostram que melhorar os resultados para esses bebês pequenos nem sempre é fornecer as soluções de alta tecnologia, mas garantir o acesso a cuidados de saúde essenciais centrados nas necessidades das famílias.

Saúde pública

De acordo com a agência da ONU, a prematuridade é um problema urgente de saúde pública. Todos os anos, cerca de 15 milhões de bebês nascem prematuros, totalizando mais de um em cada 10 de todos os nascimentos em todo o mundo, e um número ainda maior - mais de 20 milhões de bebês - tem baixo peso ao nascer. Esse número está aumentando e a prematuridade é hoje a principal causa de morte de crianças menores de cinco anos.

A OMS explica que, dependendo de onde nascem, ainda existem disparidades significativas nas chances de sobrevivência de um bebê prematuro. Enquanto a maioria dos nascidos com 28 semanas ou mais em países de alta renda sobrevive, em países mais pobres as taxas de sobrevivência podem ser tão baixas quanto 10%.

A agência de saúde adiciona que estas vidas podem ser salvas por meio de medidas viáveis ​​e econômicas, incluindo cuidados de qualidade antes, durante e após o parto, prevenção e tratamento de infecções comuns, bem como os cuidados de mãe canguru.

A alternativa prevê uma combinação do contato pele a pele em uma tipoia ou bandagem especial por várias horas possível com um cuidador principal, geralmente a mãe, e amamentação exclusiva.

Mudança de diretriz

A OMS explica que como os bebês prematuros não têm gordura corporal, muitos têm problemas para regular sua própria temperatura quando nascem e geralmente precisam de assistência médica para respirar.

Para eles, as recomendações anteriores eram de um período inicial de separação de seu cuidador principal, com o bebê primeiro estabilizado em uma incubadora ou aquecedor. A duração seria em média, cerca de três a sete dias.

Agora, a pesquisa mostra que iniciar o método mãe canguru imediatamente após o nascimento salva muito mais vidas, reduz infecções e hipotermia e melhora a alimentação.

A médica responsável pela saúde neonatal da OMS, Karen Edmond, explica que durante o pico da pandemia de Covid-19, muitas mulheres foram desnecessariamente separadas de seus bebês.

Para ela, isso pode ser desastroso para a saúde de bebês nascidos prematuros ou pequenos. Por isso, as novas recomendações enfatizam a necessidade de cuidar de famílias e bebês prematuros juntos como uma unidade e garantir que os pais recebam o melhor apoio possível durante o que geralmente é um momento delicado.

Pai segurando seu bebê prematuro estilo canguru, recomendado por especialistas em saúde
Doris Mollel Foundation
Pai segurando seu bebê prematuro estilo canguru, recomendado por especialistas em saúde

Cuidados intensivos neonatais

Embora essas novas recomendações tenham pertinência em ambientes mais pobres que podem não ter acesso a equipamentos de alta tecnologia ou mesmo fornecimento confiável de eletricidade, elas também são relevantes para contextos de alta renda.

Assim, a OMS afirma que isso exige repensar como os cuidados intensivos neonatais são fornecidos para garantir que os pais e os recém-nascidos possam estar juntos o tempo todo.

Ao longo das recomendações, a amamentação é fortemente recomendada para melhorar os resultados de saúde de bebês prematuros e com baixo peso ao nascer, com evidências mostrando que reduz os riscos de infecção em comparação com a fórmula infantil.

Quando o leite materno não está disponível, o leite humano doado é a melhor alternativa, embora a “fórmula pré-termo” fortificada possa ser usada se não houver bancos de leite doado.

Abordagem completa

O novo guia da OMS contou com os comentários de famílias em mais de 200 estudos e recomenda o aumento do apoio emocional e financeiro para os cuidadores. As medidas incluem a defesa da licença parental e políticas de garantia que as famílias de bebês prematuros e com baixo peso ao nascer recebam apoio financeiro e no local de trabalho suficiente.

No início deste ano, a OMS divulgou recomendações relacionadas a tratamentos pré-natais para mulheres com alta probabilidade de parto prematuro.

Estes incluem corticosteróides pré-natais, que podem prevenir dificuldades respiratórias e reduzir os riscos de saúde para bebês prematuros, bem como tratamentos tocolíticos para retardar o trabalho de parto e dar tempo para a conclusão de um curso de corticosteróides.

Juntas, essas são as primeiras atualizações das diretrizes da OMS para prematuros e baixo peso ao nascer.