OMS atualiza recomendações para orientar decisões de planejamento familiar
Guia promove empoderamento, saúde e bem-estar; entre as medidas estão o acesso mais amplo a contraceptivos e o uso de tecnologias digitais; pela primeira vez, edição inclui um capítulo dedicado a mulheres e adolescentes com alto risco de HIV.
O Manual de Planejamento Familiar atualizado da Organização Mundial da Saúde, OMS, lançado nesta terça-feira, traz informações para os profissionais do setor sobre como proteger o acesso a serviços de planejamento familiar durante emergências. Além disso, fornece orientações mais atuais sobre as opções de contracepção.
Em sua quarta edição, o guia é referência sobre o tema com mais de 1 milhão de cópias distribuídas ou baixadas até o momento. Uma ferramenta de critérios médicos para uso de anticoncepcionais, também está disponível para download através de um aplicativo.
Foco em pessoas de alto risco
Pela primeira vez, a edição de 2022 inclui um capítulo dedicado à orientação dos serviços de planejamento familiar para mulheres e adolescentes com alto risco de HIV, incluindo pessoas que vivem em áreas de alta prevalência da doença e aquelas com múltiplos parceiros sexuais ou cujo parceiro regular vive com o vírus.
Embora apenas os preservativos protejam contra o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, todas as opções contraceptivas, com a única exceção do espermicida nonoxinol-9, agora são consideradas seguras para mulheres e jovens com alto risco, pois não foram encontradas evidências que aumentem o perigo de transmissão.
Para aqueles com alto risco, o manual afirma que testes, aconselhamento e cuidados clínicos de primeira linha e encaminhamentos devem ser oferecidos como parte dos serviços de planejamento familiar.
O manual também incorpora as mais recentes orientações da OMS sobre câncer do colo do útero e prevenção, rastreamento e tratamento de pré-câncer, que podem ser fornecidos por meio de serviços de planejamento familiar, gestão de infecções sexualmente transmissíveis, e planejamento familiar na assistência pós-aborto.
Vantagens adicionadas
Os anticoncepcionais autoadministrados incluem preservativos, pílulas anticoncepcionais, alguns diafragmas, espermicidas e, mais recentemente, a opção de auto injeção de um anticoncepcional à base de progesterona, chamado Dmpa, que agora pode ser administrado com segurança logo abaixo da pele e não no músculo.
Muitas mulheres preferem contraceptivos injetáveis e não intrusivos que requerem ação apenas a cada dois ou três meses.
A autora principal do Manual, Maria Gaffield, disse que as recomendações atualizadas mostram que quase qualquer método de planejamento familiar pode ser usado com segurança por todas as mulheres e que, portanto, “todas as mulheres devem ter acesso a uma variedade de opções que atendam às suas necessidades e objetivos únicos na vida”.
Impacto da pandemia
Para a OMS, a experiência de surtos recentes mostra que os serviços de planejamento familiar podem ser gravemente comprometidos durante emergências.
Durante as fases iniciais da pandemia de Covid-19 em 2020, aproximadamente 70% dos países relataram interrupções nesses serviços vitais, intensificando os riscos de gravidez indesejada e infecções sexualmente transmissíveis.
O manual defende serviços contínuos de apoio ao planejamento familiar durante epidemias, inclusive por meio de acesso mais amplo a contraceptivos autoadministrados, distribuição de farmácias e suprimentos para vários meses.
A diretora de saúde e direitos sexuais reprodutivos da OMS, Pascale Allotey, disse que “o planejamento familiar promove a autorrealização, o empoderamento, assim como a saúde e o bem-estar, e reduz as mortes maternas e infantis por meio da prevenção de gravidez indesejada e aborto inseguro”.