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OMS atualiza recomendações para orientar decisões de planejamento familiar

Conselheira mostra a uma mulher opções de controle de natalidade no centro de saúde em South Sulawesi, na Indonésia
© Unicef/Shehzad Noorani
Conselheira mostra a uma mulher opções de controle de natalidade no centro de saúde em South Sulawesi, na Indonésia

OMS atualiza recomendações para orientar decisões de planejamento familiar

Saúde

Guia promove empoderamento, saúde e bem-estar; entre as medidas estão o acesso mais amplo a contraceptivos e o uso de tecnologias digitais; pela primeira vez, edição inclui um capítulo dedicado a mulheres e adolescentes com alto risco de HIV.

O Manual de Planejamento Familiar atualizado da Organização Mundial da Saúde, OMS, lançado nesta terça-feira, traz informações para os profissionais do setor sobre como proteger o acesso a serviços de planejamento familiar durante emergências. Além disso, fornece orientações mais atuais sobre as opções de contracepção.

Em sua quarta edição, o guia é referência sobre o tema com mais de 1 milhão de cópias distribuídas ou baixadas até o momento. Uma ferramenta de critérios médicos para uso de anticoncepcionais, também está disponível para download através de um aplicativo.

Sete em cada 10 países informaram terem suspendido os serviços de distribuição de contraceptivos por cauda da Covid-19.
Opas

Foco em pessoas de alto risco

Pela primeira vez, a edição de 2022 inclui um capítulo dedicado à orientação dos serviços de planejamento familiar para mulheres e adolescentes com alto risco de HIV, incluindo pessoas que vivem em áreas de alta prevalência da doença e aquelas com múltiplos parceiros sexuais ou cujo parceiro regular vive com o vírus.

Embora apenas os preservativos protejam contra o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, todas as opções contraceptivas, com a única exceção do espermicida nonoxinol-9, agora são consideradas seguras para mulheres e jovens com alto risco, pois não foram encontradas evidências que aumentem o perigo de transmissão.

Para aqueles com alto risco, o manual afirma que testes, aconselhamento e cuidados clínicos de primeira linha e encaminhamentos devem ser oferecidos como parte dos serviços de planejamento familiar.

O manual também incorpora as mais recentes orientações da OMS sobre câncer do colo do útero e prevenção, rastreamento e tratamento de pré-câncer, que podem ser fornecidos por meio de serviços de planejamento familiar, gestão de infecções sexualmente transmissíveis, e planejamento familiar na assistência pós-aborto.

O Unaids estima que, a nível mundial, apenas metade dos bebés que são expostos ao HIV durante a gravidez da mãe são testados antes das oito semanas de idade.
Foto Unicef/ Aleksei Osipov

Vantagens adicionadas

Os anticoncepcionais autoadministrados incluem preservativos, pílulas anticoncepcionais, alguns diafragmas, espermicidas e, mais recentemente, a opção de auto injeção de um anticoncepcional à base de progesterona, chamado Dmpa, que agora pode ser administrado com segurança logo abaixo da pele e não no músculo.

Muitas mulheres preferem contraceptivos injetáveis e não intrusivos que requerem ação apenas a cada dois ou três meses.

A autora principal do Manual, Maria Gaffield, disse que as recomendações atualizadas mostram que quase qualquer método de planejamento familiar pode ser usado com segurança por todas as mulheres e que, portanto, “todas as mulheres devem ter acesso a uma variedade de opções que atendam às suas necessidades e objetivos únicos na vida”.

Grávida faz exames em hospital no Camboja.
Foto: World Bank/Chhor Sokunthea

Impacto da pandemia

Para a OMS, a experiência de surtos recentes mostra que os serviços de planejamento familiar podem ser gravemente comprometidos durante emergências.

Durante as fases iniciais da pandemia de Covid-19 em 2020, aproximadamente 70% dos países relataram interrupções nesses serviços vitais, intensificando os riscos de gravidez indesejada e infecções sexualmente transmissíveis.

O manual defende serviços contínuos de apoio ao planejamento familiar durante epidemias, inclusive por meio de acesso mais amplo a contraceptivos autoadministrados, distribuição de farmácias e suprimentos para vários meses.

A diretora de saúde e direitos sexuais reprodutivos da OMS, Pascale Allotey, disse que “o planejamento familiar promove a autorrealização, o empoderamento, assim como a saúde e o bem-estar, e reduz as mortes maternas e infantis por meio da prevenção de gravidez indesejada e aborto inseguro”.