Terrorismo se intensifica em toda a África, aumentando a instabilidade e o conflito
Debate no Conselho de Segurança com participação da vice-secretária-geral da ONU abordou o aumento ameaça à paz e segurança no continente; Amina Mohammed explicou cinco sugestões para avançar nos esforços de combate ao terrorismo na região
A vice-chefe da ONU falou ao Conselho de Segurança, nesta quinta-feira, sobre o crescimento do terrorismo na África e a grande ameaça à paz e segurança internacionais.
Amina Mohammed disse que extremistas violentos, incluindo Da’esh, Al-Qaeda e seus afiliados, “exploraram a instabilidade e o conflito para aumentar suas atividades e intensificar os ataques em todo o continente”
Espalhando terror
Segundo ela, a “violência sem sentido, e alimentada pelo terror, matou e feriu milhares, deixando muitos mais sofrendo com o impacto mais amplo do terrorismo em suas vidas e meios de subsistência”.
Amina Mohammed citou a misoginia no centro da ideologia de muitos grupos terroristas, e afirmou que mulheres e meninas, particularmente, estão sofrendo o peso da insegurança e da desigualdade.
Nos últimos dois anos, alguns dos afiliados mais violentos do Da'esh se expandiram, aumentando sua presença no Mali, Burkina Faso e Níger, assim como no sul do Golfo da Guiné.
A vice-chefe da ONU lembrou que “grupos terroristas e extremistas violentos agravam a instabilidade e o sofrimento humano, podendo mergulhar um país emergente da guerra de volta às profundezas do conflito”.
Estratégias variadas e a globalização do terrorismo
Terroristas, grupos armados não estatais e redes criminosas muitas vezes seguem agendas e estratégias diferentes, alimentadas pelo contrabando, tráfico de pessoas e outros métodos de financiamento ilícito, às vezes se passando por forças armadas legítimas.
Com ferramentas digitais espalhando ódio e desinformação, terroristas e outros grupos criminosos estão explorando as tensões intercomunitárias e a insegurança alimentar desencadeada pelas mudanças climáticas.
Para ela, no mundo hiper conectado de hoje, a propagação do terrorismo na África não é uma preocupação apenas dos Estados-membros africanos, e sim de todos. Amina Mohammed afirmou que o combate ao terrorismo internacional requer respostas multilaterais eficazes.
O terrorismo se juntando com outras crises
A representante do secretário-geral alertou que “da emergência climática ao conflito armado e à pobreza e desigualdade ao ciberespaço sem lei e à recuperação desigual do Covid-19, o terrorismo está convergindo com outras ameaças”.
Ela citou ainda a Nova Agenda para a Paz, parte do relatório Nossa Agenda Comum, para uma abordagem holística e abrangente, propondo maneiras de abordar os riscos e revitalizar o sistema coletivo de paz e segurança, em meio à crescente polarização.
A vice-chefe da ONU explicou cinco sugestões para avançar nos esforços de combate ao terrorismo na África, lembrando que a prevenção continua sendo a melhor resposta”.
Cinco sugestões para combater o problema
A prioridade é abordar a instabilidade e o conflito que podem levar ao terrorismo. Em segundo lugar, abordagens baseadas na comunidade e sensíveis ao gênero de toda a sociedade. Ela destacou ainda as “ligações complexas entre terrorismo, patriarcado e violência de gênero”, afirmando que as políticas de combate ao terrorismo precisam ser “fortalecidas pela participação e liderança significativas de mulheres e meninas”.
Em seu terceiro ponto, Amina Mohammed ressaltou que “o combate ao terrorismo nunca pode ser uma desculpa para violar os direitos humanos ou o direito internacional”, pois “só nos faria retroceder”.
Em quarto lugar, ela enfatizou a importância de organizações regionais que possam enfrentar os desafios colocados por grupos terroristas e extremistas violentos no contexto local.
Por fim, a vice-secretária-geral pediu “financiamento sustentável e previsível” para prevenir e combater o terrorismo. Para ela, “a magnitude do problema exige investimentos ousados”.
Amina Mohammed concluiu sua participação no debate do Conselho de Segurança, saudando a Cúpula planejada para outubro de 2023 sobre contraterrorismo na África como uma oportunidade para considerar maneiras de fortalecer os esforços da ONU em todo o continente.
Ela disse ter confiança de que o debate desta quinta-feira ofereceria visões para o encontro e “ajudaria a construir comunidades e sociedades pacíficas e estáveis em todo o continente”.