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ONU pede a consumidores de moda mais reflexão antes de comprar

O setor de vestuário é um dos mais poluentes em emissões de dióxido de carbono.
IOM Photo
O setor de vestuário é um dos mais poluentes em emissões de dióxido de carbono.

ONU pede a consumidores de moda mais reflexão antes de comprar

Assuntos da ONU

Indústria tem grande impacto sobre meio ambiente produzindo de 2% a 8% de todas as emissões globais de carbono; setor de tingimento têxtil é um dos maiores poluentes para fontes de água; setembro abriu o ano da moda com grandes eventos em Nova Iorque, Paris, Milão e Londres.

Hoje em dia, a média de consumo de roupas por pessoa é 60% maior que 15 anos atrás. E cada peça dura a metade do tempo que costumava durar no passado.

O setor de vestuário é um dos mais poluentes em emissões de dióxido de carbono. O alerta é do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma.

Vestido de cisne negro da No Nation Fashion, desenvolvido pela OIM Bósnia e Herzegovina, apresentado no evento 2022 New York Fashion Week Máscara feita por Jase King.
IOM/ Rahma Soliman
Vestido de cisne negro da No Nation Fashion, desenvolvido pela OIM Bósnia e Herzegovina, apresentado no evento 2022 New York Fashion Week Máscara feita por Jase King.

Passarelas da moda

A produção de roupas gera entre 2% a 8% do volume global de emissões de carbono. Já o tingimento têxtil é o maior poluidor de fontes de água no mundo. O apelo do Pnuma é que a indústria da moda adote formas sustentáveis assim como os consumidores do setor.

O ano da moda começa em setembro com semanas de desfiles e brilho em várias capitais internacionais como Nova Iorque, Milão, Paris e Londres.  Mas fora das passarelas, a realidade não tem qualquer glamour e preocupa a longo prazo.

A cada segundo, o equivalente a um caminhão de roupas é jogado no lixo ou queimado. Muitas peças foram resultado de um impulso de compra e sequer foram usadas.

O Pnuma lembra que para confeccionar apenas uma calça jeans, a indústria utiliza milhares de galões de água.
ONU/Esther Nsapu
O Pnuma lembra que para confeccionar apenas uma calça jeans, a indústria utiliza milhares de galões de água.

Prefere seguir ou ditar as tendências da moda?

A especialista do Pnuma em sustentabilidade, Garrette Clark, afirma que aquisições desnecessárias de roupas são a raiz do problema. Para ela, é possível exercer um impacto mais suave sobre o ambiente enquanto se vive na moda.

Segundo Clark, este é um dever de cada um. Antes de comprar, a pessoa deve se perguntar se precisa realmente daquele item, se prefere seguir a moda ou ditar a moda.

Um outro conselho dela é sobre o consumo de roupas de segunda mão.

O Pnuma lembra que para confeccionar apenas uma calça jeans, a indústria utiliza milhares de galões de água.

A agência da ONU afirma que é preciso tentar se desligar do marketing da máquina, que se concentra em empurrar novos modelos para cima dos consumidores todo o tempo.

Comprar roupas de segunda mão ajuda a reduzir o desperdício e mantém as roupas fora dos aterros sanitários.
Unsplash/Becca McHaffie
Comprar roupas de segunda mão ajuda a reduzir o desperdício e mantém as roupas fora dos aterros sanitários.

Roupas vintage e troca de peças entre amigos

Garrette Clark acredita que é possível criar um guarda-roupa original desenhando as próprias peças ou usando roupas antigas, conhecidas como vintage, feitas à mão ou que se troca entre os conhecidos. Para ela, é como se fosse uma caça ao tesouro.

Um outro segredo: enquanto as roupas mais baratas podem aparentar um bom negócio, e para muitos é a única opção, elas contribuem para a chamada economia descartável que tanto danifica o meio ambiente.

Uma peça de baixa qualidade é mais fácil de ser jogada fora para sempre. Quando possível, o melhor é comprar vestuário de boa qualidade, que vai durar mais tempo se bem conservado. Isso ajuda o meio ambiente, os produtores têxteis e, a longo prazo, é mais econômico também para o consumidor.

Moda Africana Sustentável em Nairobi, Quênia.
UNEP/Cyril Villemain
Moda Africana Sustentável em Nairobi, Quênia.

O que cada um pode fazer para estar na moda sustentável

Para a especialista do Pnuma, os consumidores também precisam consertar as roupas quando elas começam a ficar velhas. Uma outra opção é oferecer uma peça que não se quer mais usar a amigos ou doar a quem precisa.

Estima-se que a indústria da moda venha a ser responsável por um quarto do orçamento global de carbono até 2050. Reciclar as roupas e tentar conservá-las é vital para enfrentar a mudança climática.

O que cada um pode fazer:

Antes de comprar, pesquise sobre as peças e pergunte:

  • Os produtores das roupas utilizam técnicas sustentáveis que podem ser verificadas como tais?
  • Eles usam tecidos sustentáveis ou fibras recicladas?
  • Os produtores se esforçam para assegurar que a cadeia de fornecimento deles responde aos impactos da moda sobre o planeta?
  • Eles utilizam etiquetas certificadas que podem ser comparadas?

As respostas podem ser encontradas na internet ou ao ler as etiquetas. Mas é preciso cuidado com o que se lê, pois existe uma prática conhecida como “greenwashing” que é fingir informações de cuidado com o meio ambiente e com a sustentabilidade. Os consumidores precisam usar o bom senso.

Quem compra tem o poder de exigir de suas marcas de roupa que sejam mais sustentáveis.
Pnud Uzbekistan
Quem compra tem o poder de exigir de suas marcas de roupa que sejam mais sustentáveis.

O poder da mudança nas mãos dos consumidores

Para checar as credenciais de sustentabilidade de empresas, visite esse site (em inglês) Good On You.

Mais e mais é importante informar as empresas em todo o mundo o que se espera como consumidor. Quem compra tem o poder de exigir de suas marcas de roupa que sejam mais sustentáveis. É preciso também exigir dos governos que tornem a sustentabilidade a norma.

Os consumidores também podem pedir às marcas de roupa que reduzam a moda em excesso e comuniquem mais o impacto de seus produtos.

Para a especialista em sustentabilidade do Pnuma, Garrette Clark, os usuários podem pressionar suas marcas preferidas com comentários em redes sociais ou até mesmo deixando de comprar os produtos que não obedecem aos critérios ambientais.

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