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ONU eleva apelo para resposta humanitária na Somália em 55%

Menino de dezoito meses é tratado por desnutrição em um assentamento de deslocados em Dalxiiska, na Somália.
© Unicef/Sebastian Rich
Menino de dezoito meses é tratado por desnutrição em um assentamento de deslocados em Dalxiiska, na Somália.

ONU eleva apelo para resposta humanitária na Somália em 55%

Ajuda humanitária

Com agravamento da crise, ajuda humanitária precisa de financiamento de US$ 2,2 bilhões para combater efeitos da quinta seca consecutiva no país; 7,8 milhões de pessoas foram atingidas pela falta de chuva; crianças sofrem com desnutrição e, a cada minuto, um menor é internado.

A equipe humanitária da ONU na Somália revisou o plano de resposta e aumentou o apelo, para este ano, em pouco mais de US$ 800 milhões. A alta é de 55% em comparação com seu lançamento, no início do ano.

O pedido de financiamento agora é de US$ 2,26 bilhões e 80% do valor seriam investimentos na resposta à seca. Após a revisão, o orçamento está em 45%.

Menino de dois anos é tratado por desnutrição grave em um hospital na Somália
© UNICEF/Mulugeta Ayene
Menino de dois anos é tratado por desnutrição grave em um hospital na Somália

Aumento das necessidades humanitárias

O plano de resposta também tem o objetivo de chegar a mais pessoas, passando de 5,5 milhões no início do ano para 7,6 milhões hoje.

O porta-voz do Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha, afirma que embora seja tarde para revisar um apelo anual, as necessidades humanitárias aumentaram acentuadamente, enquanto a demanda por financiamento não subiu.

Jens Laerke alerta que cerca de 7,8 milhões de pessoas são afetadas pela seca, incluindo mais de 1,1 milhão de deslocados. Segundo o Ocha, distritos de Baidoa e Burhakaba devem sofrer com a fome entre outubro e dezembro sem ajuda humanitária.

A chuva continua insuficiente no país, que atravessa a quinta seca consecutiva. Laerke afirma que as Nações Unidas e seus parceiros fornecem alguma forma de assistência a 5,7 milhões de pessoas, mas ainda há lacunas significativas, “principalmente nos setores que salvam vidas".

Efeito da crise humanitária nas crianças

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para Infância, Unicef, a situação na Somália já parece pior hoje do que em 2011, quando a fome matou mais de 260 mil pessoas na Somália.

Para o porta-voz do Unicef, James Elder, “as coisas estão ruins e tudo indica que vão piorar”. Em entrevista a jornalistas na sede da ONU, em Genebra, nesta terça-feira, ele adicionou que sem ação e investimento, as crianças devem ser as mais impactadas.

Elder contou que “a cada minuto, uma criança é internada em uma unidade de saúde para ser tratada de desnutrição aguda grave”. As últimas taxas de admissão para agosto mostram que 44 mil menores foram hospitalizados com esses sintomas. O número representa uma criança por minuto.

O porta-voz do Unicef acredita que, com essas taxas, a Somália está à beira de uma tragédia em uma escala não vista em décadas.

Elder explicou que apenas as estatísticas só consideram as crianças que conseguem chegar a um centro de tratamento, ou seja, a quantidade de jovens afetados pode ser ainda maior.