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Catástrofes do clima deslocam três vezes mais pessoas que guerras, alerta Guterres

Inundações no distrito de Umerkot, província de Sindh, Paquistão
© Unicef/Asad Zaidi
Inundações no distrito de Umerkot, província de Sindh, Paquistão

Catástrofes do clima deslocam três vezes mais pessoas que guerras, alerta Guterres

Clima e Meio Ambiente

Em mensagem para marcar o Dia Internacional para Redução do Risco de Desastres, secretário-geral diz que mundo está falhando na proteção de vidas e que países que menos contribuem para as mudanças climáticas são os que mais sofrem as consequências.

Neste 13 de outubro, a ONU marca o Dia Internacional para a Redução do Risco de Desastres, destacando avanços na prevenção e redução do risco de calamidades.

Este ano, o foco é o aumento substancial da disponibilidade e acesso a sistemas de alerta precoce e avaliações de riscos para as pessoas até 2030.

Perda vidas causadas por mudanças climáticas

Em mensagem de vídeo, o secretário-geral da ONU afirma que as catástrofes climáticas estão afetando os países e as economias como nunca, com as crescentes emissões de gases de efeito estufa que contribuem para eventos climáticos extremos em todo o planeta. 

António Guterres citou a devastação causada pelas cheias no Paquistão, ressaltando a perda de vidas e os prejuízos financeiros. Segundo ele, “as catástrofes climáticas deslocam três vezes mais pessoas do que a guerra”.

O chefe da ONU afirma que “metade da humanidade já se encontra na zona de perigo” e acredita que o mundo esteja falhando no investimento de proteção de vidas e dos meios de subsistência daqueles que estão na linha de frente. Para ele, aqueles que menos contribuíram para a crise climática são os que pagam o preço mais alto.

Grandes desastres causados por inundações, secas e outros eventos estiveram relacionados à água
OMM/Guillaume Hobam
Guterres disse que sempre “haverá eventos climáticos extremos, mas que esses não precisam se tornar catástrofes mortais

Importância dos sistemas de alerta precoce

Guterres lembra que, sem meios de alerta prévio, comunidades inteiras são pegas desprevenidas por sucessivos desastres climáticos, reforçando a importância de avisos adequados.

Em março, o secretário-geral anunciou que a ONU deve liderar novas ações para garantir que todas as pessoas na Terra sejam protegidas por sistemas de alerta precoce dentro de cinco anos.

Na mensagem, ele faz um apelo por uma cobertura universal de alerta precoce neste período. E ressalta que os sistemas de aviso prévio salvam vidas, de acordo com um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial, OMM, e do Escritório das Nações Unidas para a Redução de Risco de Desastres.

Segundo o relatório, estes serviços são insuficientes para aqueles que mais precisam. Para Guterres, a ação concreta e real sobre perdas e danos deve ser uma prioridade mundial.

Ativistas climáticos protestam em Glasgow durante a COP26.
ONU/Laura Quinones
Ativistas climáticos protestam em Glasgow durante a COP26.

Plano de ação será lançado na COP27

Em novembro, será lançado na Conferência sobre Mudança Climática da ONU, COP27, no Egito, um plano de ação para fornecer sistemas de alerta antecipado para todos no espaço de cinco anos.

O chefe da ONU apela a todos os países que invistam em sistemas de aviso prévio e que apoiem aqueles que não têm capacidade para tal, concluindo que sempre “haverá eventos climáticos extremos, mas que esses não precisam se tornar catástrofes mortais”. 

Quadro Sendai

Neste ano, o Dia Internacional acontece durante a Revisão Intermediária do Quadro Sendai para Redução do Risco de Desastres, que será concluída em uma Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral em maio de 2023 com uma declaração política.

O objetivo principal do Quadro Sendai é evitar a criação de novos riscos e reduzir os existentes.

Mas quando isso não for possível, sistemas de alerta precoce e preparação centrados nas pessoas podem permitir uma ação mais cedo e minimizar os danos às pessoas, bens e meios de subsistência.