Cólera no Haiti “pode evoluir muito rápido” e números serem muito mais altos

Autoridades esperam resultado de 20 casos; corte das estradas mantém grande parte do país incomunicável; falta de assistência médica e psicológica privará dezenas de milhares de grávidas e vítimas de violência sexual de receber cuidados.
A vice-chefe da ONU no Haiti, Ulrika Richardson, disse que insegurança e violência na ilha caribenha podem contribuir para o surgimento de mais casos de cólera no país.
A doença que já matou sete pessoas na capital Porto Príncipe é agora a situação mais preocupante. Pelo menos 11 casos foram confirmados e 111 são suspeitos.
De acordo com a coordenadora residente, 20 amostras estão ainda pendentes no laboratório nacional. Ela alertou que a situação pode evoluir muito rápido e os números poder ser muito maiores. Aparentemente, os casos estariam isolados na capital onde foram confirmados em vários bairros.
Nos campos econômico e humanitário ocorrem saques e as escolas seguem fechadas há um mês. A violência sexual e o corte das estradas mantêm grande parte do país incomunicável.
Sobre a evolução da cólera, Ulrika Richardson destacou que dois casos foram confirmados no domingo passado, passando para 11 até esta quinta-feira.
Ela destacou ainda que o Haiti sofre com a falta de combustível em todas as regiões. A situação levou a interrupções na maioria das estações de tratamento de água e ao fechamento ou suspensão de muitos serviços em hospitais. Esses fatores podem agravar a disseminação da cólera.
A vice-chefe da ONU no Haiti contou que apenas no mercado informal é possível encontrar algum combustível “a preços astronômicos”.
A situação faz prever que ocorram limitações na oferta serviços básicos de saúde a 30 mil mulheres grávidas. O problema junta-se ao da taxa de 45% da população diariamente passando fome e 1,3 milhão carecendo de auxílio urgente.
A atuação de quadrilhas criminosas que bloqueiam estradas e o terminal portuário de Varreux, o principal do país, o governo não pode distribuir ajuda humanitária.
Por essa razão, as Nações Unidas apelam que seja aberto um “corredor humanitário” que priorize a distribuição de combustível, porque a situação causa mortes.
A falta de assistência médica e psicológica impedirá que cerca de 7 mil vítimas de violência sexual tenham acesso ao tipo de serviços por mês. Os criminosos usam o tipo de agressão “como tática” na sua atuação.