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Portugal quer dar mais voz aos jovens e promover mulheres na política

Primeiro-ministro António Costa defende ainda uma conexão maior entre jovens dos Estados-membros da Cplp
ONU/Eskinder Debebe
Primeiro-ministro António Costa defende ainda uma conexão maior entre jovens dos Estados-membros da Cplp

Portugal quer dar mais voz aos jovens e promover mulheres na política

Assuntos da ONU

Primeiro-ministro, António Costa, diz à ONU News que país pode voltar a ter uma chefe de governo, no futuro; para ele, é preciso ainda apoiar maior conexão de jovens de nações lusófonas com acordo de mobilidade.

O primeiro-ministro de Portugal falou à ONU News das possibilidades e desafios na política: internamente, ele aposta na expectativa de, no futuro, ver uma mulher no leme do governo, caso os portugueses assim o decidam.

Já na política exterior, Costa advoga por um maior intercâmbio entre jovens da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp.

Remodelação quebrou paridade

António Costa foi entrevistado pela ONU News no fim de setembro, quando participou do debate de líderes internacionais na Assembleia Geral.

“Portugal orgulha-se de facto. O governo foi paritário, até há uma semana, ao nível de ministros. Houve uma pequena remodelação em que se quebrou a paridade. Enfim, os primeiros-ministros e presidentes da República serão aqueles que os portugueses escolherem. Tenho muita esperança de que possa voltar a ter mais uma mulher primeiro-ministro. Já houve uma. E quem sabe, no futuro, se haverá outra. Vamos ver.”

Segundo a página do governo, o atual gabinete de Costa de 17 ministros tem oito mulheres. No segundo escalão, aparecem 12 secretárias de Estado.

A única chefe de governo da história portuguesa ficou no cargo cerca de seis meses. Maria de Lourdes Pintasilgo foi indicada pelo presidente Ramalho Eanes para ocupar o posto e se tornou a primeira e única mulher servindo como primeira-ministra até agora. Na época, ela foi a segunda da Europa Ocidental após Margaret Thatcher, que assumiu o posto em 1979 e saiu em 1990.

Na Assembleia da República de Portugal, dos 230 assentos, 85 são ocupados por mulheres e 145 por homens.

Movimento Crescente

António Costa também citou a cooperação de Portugal com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, e disse que consolidar sua projeção é uma das tarefas que deve continuar prioritária no bloco de nove nações.

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Bandeiras dos países de língua portuguesa. Foto: Cplp

 

“Vejo grandes oportunidades de promover a Cplp enquanto um sujeito político internacional. Aquilo que eu tenho verificado é que há um movimento crescente de países a quererem ser observadores da Cplp, isso pelo facto de terem compreendido que, ao contrário do que acontece com outras organizações internacionais, a CPLP é deve ser geograficamente global. Praticamente em todos os continentes há um país da Cplp. O facto de ter uma grande capacidade de articulação política e isso é muito vantajoso. Nós temo-nos apoiado mutuamente para diferentes cargos internacionais. Isso dá um peso relativo muito significativo aos países da CPLP.”

Costa destacou que o grupo de nações está ligado por mais do que uma relação do passado. Angola preside o bloco desde 2021.

“Temos que incrementar muito a relação económica. Eu acho que muitos dos países como um exemplo de como foi possível reinventar uma relação depois de um período colonial tão longo. Mais longo, aliás do que a generalidade dos outros. Tão duro: convém não se esquecer que durante três anos e pelo menos em três frentes, foi mantida uma absurda guerra colonial que só terminou em 1974. Portanto, a capacidade é que tivemos a capacidade de nos reinventar nessa nossa relação”.

Conexão entre jovens

Costa defende ainda uma conexão maior entre jovens dos Estados-membros que contam com uma rede e espaços de reflexão.

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Praça do Comércio em Lisboa, Portugal. Foto: Rádio ONU/Leda Letra

 

“Muitos países europeus que eu vejo veem esta relação da Cplp como uma experiência interessante de superação e de reinvenção de novas relações. E há um grande desafio que nós temos: as novas gerações. As novas gerações felizmente têm menos memórias, mas também têm menos ligações entre si. Temos que criar mecanismos para que essa relação se vá mantendo e, por isso, eu acho que o acordo de mobilidade é muito importante para que essa relação continue a existir cada vez mais forte entre os nossos povos.”

O alvo do futuro sistema de mobilidade é estabelecer vistos de estada de duração curta, temporária e residência entre os Estados-membros.

Este ano, Nova Iorque não teve o encontro de líderes do bloco tradicionalmente organizado à margem da Assembleia Geral.