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ONU preocupada com violência no Irã após morte de mulher de 22 anos BR

Manifestantes se reúnem em Estocolmo, na Suécia, após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, sob custódia da polícia moral do Irã
Unsplash/Artin Bakhan
Manifestantes se reúnem em Estocolmo, na Suécia, após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, sob custódia da polícia moral do Irã

ONU preocupada com violência no Irã após morte de mulher de 22 anos

Direitos humanos

Mahsa Amini foi presa por não “usar corretamente” o hijab véu obrigatório para as mulheres; em 11 dias de protestos, dezenas de pessoas morreram e centenas foram presas incluindo defensores de direitos humanos, ativistas, jornalistas e mulheres que saíram às ruas em solidariedade à vítima.

As Nações Unidas expressaram preocupação com a resposta violenta das forças de segurança do Irã aos protestos contra a morte de uma jovem iraniana, no país.

Mahsa Amini, de 22 anos, morreu em 17 de setembro, quatro dias após ser presa, por alegadamente não ter usado o hijab, véu, da forma obrigada pelo país ao código de vestimenta das mulheres.

Porta-voz da alta comissária para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani
ONU News
Porta-voz da alta comissária para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani

Três dias em coma

 A porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU, Ravina Shamdasani, contou que muitos iranianos foram mortos, feridos e detidos durante os protestos.

A porta-voz informou que o Irã restringiu as comunicações no país afetando serviços de telefonia celular e até telefone fixo, internet e plataformas de redes sociais.

Mahsa Amini era da província de Saqez, no noroeste do Irã, e foi a Teerã, capital do país, para uma visita. Ela desmaiou após ser levada para um centro de detenção e morreu no hospital após passar três dias em coma.

Agências de notícias dizem que a polícia iraniana informou que a jovem, de 22 anos, sofreu complicações cardíacas, mas a família nega o atestado e acusa as forças de segurança de terem batido na vítima.

Milhares de pessoas saíram às ruas nos últimos 11 dias, e em alguns casos, a polícia respondeu com tiros de revólver.

Teerã, capital do Irã
Unsplash/Sajad Nori
Teerã, capital do Irã

Número de mortos pode ser ainda maior

O Escritório de Direitos Humanos diz que por causa das restrições nas comunicações, é difícil estabelecer um número exato de mortos, feridos e detidos.

No último dia 24, a TV estatal informou que 41 pessoas haviam perdido a vida. Mas organizações não-governamentais, que monitoram a situação, dizem que o número de mortes pode ser ainda mais alto.

A porta-voz disse que está “extremamente preocupada” com os comentários de alguns líderes que estão vilanizando os manifestantes, além do uso desproporcional de força contra quem participa dos protestos.

Vista de Teerã, capital do Irã
© Unsplash/Hosein Charbaghi
Vista de Teerã, capital do Irã

Mulheres, jornalistas, defensores e ativistas presos

Shamdasani ressalta que armas de fogo jamais devem ser usadas para dispersar pessoas reunidas. E que nesse caso, somente se houver uma ameaça iminente à vida ou em caso de ferimentos sérios.

Nos últimos dias, centenas de pessoas foram presas no Irã incluindo defensores de direitos humanos, advogados, ativistas e pelo menos 18 jornalistas.

O governo está calado sobre o número de presos, mas somente na província de Gilan, 739 pessoas foram detidas incluindo 60 mulheres. O Escritório de Direitos Humanos pediu a libertação imediata dos presos, e a restauração dos serviços de internet.

O Escritório de Direitos Humanos pede ao Irã que respeite inteiramente os direitos à liberdade de expressão, opinião e de reunião e associação.