ONU alerta sobre abusos sofridos por prisioneiros de guerra ucranianos e russos BR

Mais de 170 civis foram evacuados com sucesso da siderúrgica Azovstal em Mariupol, Ucrânia. Centenas de combatentes se renderam às autoridades russas como prisioneiros de guerra
© Unocha/Kateryna Klochko
Mais de 170 civis foram evacuados com sucesso da siderúrgica Azovstal em Mariupol, Ucrânia. Centenas de combatentes se renderam às autoridades russas como prisioneiros de guerra

ONU alerta sobre abusos sofridos por prisioneiros de guerra ucranianos e russos

Paz e segurança

Chefe da missão de monitoramento de Direitos Humanos na Ucrânia, Matilda Bogner, afirma que não teve acesso aos locais de detenção controlados pelas forças russas; capturados estariam em instalações sem mantimentos básicos, como água e saneamento; representante das Nações Unidas também pede que grávidas sejam liberadas imediatamente.

A chefe da missão de monitoramento de Direitos Humanos na Ucrânia, Matilda Bogner, alertou para violações contra prisioneiros de guerra pelas partes do conflito.

Ela observou que sua equipe teve acesso desimpedido a locais de detenção em território controlado pelo governo da Ucrânia. No entanto, a Rússia não permitiu contato com os prisioneiros mantidos em seu território ou em áreas sob sua ocupação, incluindo as controladas por suas forças ou grupos armados afiliados.

Chefe da missão de monitoramento de Direitos Humanos na Ucrânia, Matilda Bogner
UNHRMM in Ukraine
Chefe da missão de monitoramento de Direitos Humanos na Ucrânia, Matilda Bogner

Detalhamento de violações

Desde 24 de fevereiro, com a invasão russa na Ucrânia, o escritório de Direitos Humanos tem registro de pelo menos 416 vítimas de detenções arbitrárias e desaparecimentos forçados nos locais ocupados ou controladas pelas forças russas.

Segundo Matilda Bogner, dentre os capturados, 16 foram encontrados mortos e 166 liberados. Também foram documentadas 51 prisões arbitrárias e mais 30 casos que podem equivaler a desaparecimentos forçados cometidos por órgãos policiais ucranianos.

Ela ressaltou que a situação é especialmente preocupante entre aqueles que foram detidos por forças russas. Há relatos de prisioneiros que sofreram tortura e maus-tratos, além de serem mantidos em locais sem alimentos, água, saúde e saneamento.

De acordo com as informações obtidas, a instalação em Olenivka estaria em uma situação alarmante, com prisioneiros de guerra ucranianos sofrendo de doenças infecciosas, incluindo hepatite A e tuberculose. 

Matilda Bogner afirma que foram documentados casos em que prisioneiros de guerra ucranianos não foram autorizados a entrar em contato com seus parentes para informá-los sobre sua captura, sua localização e seu estado de saúde. 

Ela também destacou o estado de prisioneiras de guerra gávidas internadas em locais controlados pelas forças armadas russas e grupos armados afiliados. A chefe da missão de monitoramento de Direitos Humanos na Ucrânia pediu a Rússia a libertação imediata dessas mulheres por motivos humanitários.

Quase 18 milhões de pessoas precisam de ajuda na Ucrânia
© UNHCR/Andrew McConnell
Quase 18 milhões de pessoas precisam de ajuda na Ucrânia

Monitoramento para evitar violações

Em território controlado pelo governo ucraniano, também há relatos de casos de tortura e maus-tratos de prisioneiros de guerra, geralmente após a captura, durante interrogatórios iniciais ou transporte para campos de internação. 

Segundo Matilda Bogner, durante visita a um campo de prisioneiros de guerra ucraniano, foi observado que a maioria deles continua a ser mantida em instalações penitenciárias, o que viola a regra de que detidos de guerra não devem ser internados em confinamento fechado.

A representante da ONU informou que um relatório completo será publicado ainda este mês. Segundo o escritório, até o momento, foram confirmadas 14.059 baixas civis, sendo 5.767 mortos e 8.292 feridos pelas hostilidades. 

A Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia afirma que continuará a documentar e relatar os fatos no terreno e as vozes das vítimas como uma parte essencial da tentativa de evitar novas violações e responsabilizar os responsáveis pelas violações já cometidas. 

Um relatório completo sobre o impacto do conflito sobre os direitos humanos na Ucrânia deve ser divulgado em 27 de setembro.