Chefe da ONU visita Paquistão para fazer apelo por ajuda após inundações
António Guterres ressalta que é preciso que o mundo preste atenção à destruição causada pelas mudanças climáticas; governo paquistanês e OMS declararam alto nível de alerta; impacto causado pelas chuvas torrenciais de monção não tem precedentes.
Em declarações feitas horas antes de seguir para o Paquistão, o secretário-geral das Nações Unidas anunciou que lidar com as mudanças climáticas, que é a questão que define o tempo atual, usando práticas habituais, “é puro suicídio”.
António Guterres disse a jornalistas, em Nova Iorque, que pedirá apoio em grande escala para o Paquistão, durante a visita ao país que tem agora um terço de seu território submerso devido às chuvas de monção das últimas semanas.
Solidariedade
O líder da ONU enfatizou que na viagem ao Paquistão expressará profunda solidariedade ao povo e pedirá o apoio maciço da comunidade internacional aos paquistaneses, em hora de necessidade após as enchentes devastadoras que veem sendo testemunhadas.
De acordo com a organização, a dimensão da crise humanitária não tem precedentes. Estima-se que 33 milhões de pessoas já foram afetadas pelo desastre.
As chuvas ultrapassaram o recorde de 100 anos. A quantidade de precipitação em algumas províncias é cinco vezes superiores à média de 30 anos.
O número de mortes chegou a 1,2 mil e outros 6 mil paquistaneses ficaram feridos. Mais de 1,1 milhão de casas foram arrastadas e infraestrutura vital destruída.
Emergência
Guterres destacou a importância de estar atento à destruição das mudanças climáticas, em momento de “muita atenção à guerra na Ucrânia”. As declarações foram feitas antes da reunião do Conselho de Segurança que nesta terça-feira abordou a situação em Zaporizhzhia, na usina nuclear da Europa.
O chefe da ONU disse que as pessoas tendem a esquecer que há outra guerra, a que chama de “guerra que o mundo está travando contra a natureza, e a natureza está contra-atacando”. Para Guterres, as mudanças climáticas estão sobrecarregando a destruição do Planeta. No pronunciamento, ele citou acontecimentos em países como Paquistão, Chade e Chifre da África, onde a seca causa fome.
Guterres destacou que atualmente os eventos ocorrem no Paquistão e “amanhã pode ser em qualquer outro lugar”.
A ONU já forneceu comida ou assistência em dinheiro a pelo menos 336 mil pessoas afetadas pelas enchentes na província do Baluquistão.
O Governo do Paquistão declarou emergência nacional e a representação da Organização Mundial da Saúde no país ativou seu nível mais alto de alerta.