Unesco alerta que 244 milhões de crianças não começarão o novo ano letivo
Agência da ONU faz um apelo por uma mobilização coletiva para garantir que o direito de todas as crianças ao acesso à educação de qualidade seja respeitado; Na Ucrânia, conflito impactou a volta às aulas para 4 milhões de alunos no país.
Com o ano letivo iniciando em muitas partes do mundo, novos dados da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, mostram que, globalmente, 244 milhões de crianças e jovens entre 6 e 18 anos ainda estão fora da escola.
O alerta foi feito pela diretora-geral da agência, Audrey Azoulay. Ela lembra que “a educação é um direito e devemos fazer tudo para que esse direito seja respeitado por todas as crianças”.
Desigualdades
As novas estimativas mostram que a África Subsaariana continua a ser a região com mais crianças e jovens fora da escola, com um total de 98 milhões de crianças. É também a única parte do planeta onde esse número está aumentando.
A segunda maior população fora da escola é a da Ásia Central e do Sul, com 85 milhões.
A diferença de gênero está diminuindo
Os novos dados confirmam que a diferença na taxa de meninas e meninos fora da escola diminuiu em todo o mundo.
Com a ajuda da Unesco, 90% dos países já estabeleceram referências nacionais para avaliar o progresso em direção à educação de qualidade para todos até 2030, inclusive nas taxas fora da escola.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
A diretora-geral da Unesco disse que com esses resultados, o objetivo de educação de qualidade para todos até 2030, estabelecido pelas Nações Unidas, corre o risco de não ser alcançado.
Audrey Azoulay fez um apelo por uma mobilização global para colocar a educação no topo da agenda internacional. Ela pretende renovar o pedido na Cúpula da Educação Transformadora, que acontece em 19 de setembro.
Início do novo ano letivo incerto Ucrânia
Já a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell, durante uma visita de três dias à Ucrânia, se encontrou com alunos, pais e professores afetados pela guerra.
O conflito impactou o início do novo ano letivo para quatro milhões de alunos no país. Russel declarou que as crianças estão voltando às aulas com muitas escolas danificadas e “com histórias de destruição, sem saber se os seus professores e amigos estarão lá para as receber.”
Segundo ela, muitos pais hesitam em mandar os filhos para colégio, sem saber se estarão em segurança. E afirmou que "as escolas na Ucrânia estão desesperadas por recursos para construir abrigos anti-bombas em vez de parques infantis”.
Escolas destruídas
Milhares de escolas na Ucrânia foram danificadas ou destruídas. Menos de 60% são consideradas pelo governo seguras e elegíveis para reabrir.
O Unicef anunciou que vem trabalhando para ajudar a levar as crianças do país de volta à aprendizagem, em sala de aula, quando considerada segura, e através de alternativas online ou comunitárias quando as aulas presenciais não são possíveis.
Cerca de 760 mil crianças receberam educação formal ou não formal desde que a guerra começou. Mais de 1,7 milhões de crianças e cuidadores se beneficiaram de intervenções de saúde mental e assistência psicossocial apoiadas pela agência.
Os esforços para o regresso das crianças às aulas incluem a reabilitação de escolas, o fornecimento de computadores portáteis, tablets e outros materiais a professores e alunos, assim como orientações de segurança em tempos de guerra para crianças e professores.