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Unesco alerta que 244 milhões de crianças não começarão o novo ano letivo BR

Um menino de 12 anos, que não vai à escola, vende bananas na província de Uruzgan, no oeste do Afeganistão
© Unicef
Um menino de 12 anos, que não vai à escola, vende bananas na província de Uruzgan, no oeste do Afeganistão

Unesco alerta que 244 milhões de crianças não começarão o novo ano letivo

Cultura e educação

Agência da ONU faz um apelo por uma mobilização coletiva para garantir que o direito de todas as crianças ao acesso à educação de qualidade seja respeitado; Na Ucrânia, conflito impactou a volta às aulas para 4 milhões de alunos no país.

Com o ano letivo iniciando em muitas partes do mundo, novos dados da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, mostram que, globalmente, 244 milhões de crianças e jovens entre 6 e 18 anos ainda estão fora da escola.

O alerta foi feito pela diretora-geral da agência, Audrey Azoulay. Ela lembra que “a educação é um direito e devemos fazer tudo para que esse direito seja respeitado por todas as crianças”.

Desigualdades

As novas estimativas mostram que a África Subsaariana continua a ser a região com mais crianças e jovens fora da escola, com um total de 98 milhões de crianças. É também a única parte do planeta onde esse número está aumentando.

A segunda maior população fora da escola é a da Ásia Central e do Sul, com 85 milhões.

 Meninas em uma escola no Senegal. Novos dados confirmam que a diferença na taxa de meninas e meninos fora da escola diminuiu em todo o mundo
© UNICEF/Vincent Tremeau
Meninas em uma escola no Senegal. Novos dados confirmam que a diferença na taxa de meninas e meninos fora da escola diminuiu em todo o mundo

A diferença de gênero está diminuindo

Os novos dados confirmam que a diferença na taxa de meninas e meninos fora da escola diminuiu em todo o mundo.

Com a ajuda da Unesco, 90% dos países já estabeleceram referências nacionais para avaliar o progresso em direção à educação de qualidade para todos até 2030, inclusive nas taxas fora da escola.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

A diretora-geral da Unesco disse que com esses resultados, o objetivo de educação de qualidade para todos até 2030, estabelecido pelas Nações Unidas, corre o risco de não ser alcançado.

Audrey Azoulay fez um apelo por uma mobilização global para colocar a educação no topo da agenda internacional. Ela pretende renovar o pedido na Cúpula da Educação Transformadora, que acontece em 19 de setembro.

Uma menina de doze anos em frente à sua escola em Kharkiv, na Ucrânia, que foi destruída em um ataque aéreo. Agora ela vai estudar online
© Unicef/Ashley Gilbertson
Uma menina de doze anos em frente à sua escola em Kharkiv, na Ucrânia, que foi destruída em um ataque aéreo. Agora ela vai estudar online

 

Início do novo ano letivo incerto Ucrânia

Já a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell, durante uma visita de três dias à Ucrânia, se encontrou com alunos, pais e professores afetados pela guerra.

O conflito impactou o início do novo ano letivo para quatro milhões de alunos no país. Russel declarou que as crianças estão voltando às aulas com muitas escolas danificadas e “com histórias de destruição, sem saber se os seus professores e amigos estarão lá para as receber.”

Segundo ela, muitos pais hesitam em mandar os filhos para colégio, sem saber se estarão em segurança. E afirmou que "as escolas na Ucrânia estão desesperadas por recursos para construir abrigos anti-bombas em vez de parques infantis”.

A diretora executiva do Unicef, Catherine Russell visita uma escola fortemente danificada em Zhytomyr, Ucrânia
© Unicef/Anton Kulakowskiy
A diretora executiva do Unicef, Catherine Russell visita uma escola fortemente danificada em Zhytomyr, Ucrânia

 

Escolas destruídas

Milhares de escolas na Ucrânia foram danificadas ou destruídas. Menos de 60% são consideradas pelo governo seguras e elegíveis para reabrir.

O Unicef anunciou que vem trabalhando para ajudar a levar as crianças do país de volta à aprendizagem, em sala de aula, quando considerada segura, e através de alternativas online ou comunitárias quando as aulas presenciais não são possíveis.

Cerca de 760 mil crianças receberam educação formal ou não formal desde que a guerra começou. Mais de 1,7 milhões de crianças e cuidadores se beneficiaram de intervenções de saúde mental e assistência psicossocial apoiadas pela agência.

Os esforços para o regresso das crianças às aulas incluem a reabilitação de escolas, o fornecimento de computadores portáteis, tablets e outros materiais a professores e alunos, assim como orientações de segurança em tempos de guerra para crianças e professores.