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África deve ser vista como região chave, afirma vice-chefe da ONU BR

Amina Mohammed acredita que África pode se beneficiar dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 2063 para seguir avançando
UN Photo/Mark Garten
Amina Mohammed acredita que África pode se beneficiar dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 2063 para seguir avançando

África deve ser vista como região chave, afirma vice-chefe da ONU

Desenvolvimento econômico

Amina Mohammed está na Tunísia para a 8ª Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento Africano; para ela, região tem capacidade de caminhar para o desenvolvimento sustentável por meio dos ODS e Agenda 2063 para África.

A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, está na Tunísia para a 8ª Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento Africano. 

Ela ressaltou que os países africanos têm todos os pré-requisitos para o caminho do desenvolvimento sustentável, e sua integração na economia mundial superará muitos dos obstáculos atuais. 

Continente jovem

Segundo Mohammed, a comunidade internacional deve mudar sua percepção da África de um continente dependente para uma região chave no cenário global, com os mesmos direitos e posição de outros continentes. .

Mais de 1,2 bilhão de pessoas vivem na África. Aproximadamente 60% da população africana tem menos de 35 anos. A rápida urbanização nos países africanos promete novas oportunidades, inclusive no campo da industrialização do continente.

Amina Mohammed acredita que o continente pode se beneficiar dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 2063 para a África para seguir avançando.

A representante da ONU ressaltou que, para conseguir alcançar essas metas, a comunidade internacional deve, conjuntamente, reduzir as consequências das inúmeras crises.

Ela lembra que a recuperação da pandemia de Covid-19, as consequências da guerra na Ucrânia, a emergência climática e a crise financeira estão colocando populações já vulneráveis em desafios ainda maiores.

Amina Mohammed acrescentou que o conjunto de crises pode criar um terreno fértil para agravar conflitos existentes e gerar agitação, o que mina os esforços coletivos para alcançar os ODS.

A vice-chefe da ONU falou também sobre a Área Africana de Livre Comércio, que contribui para a industrialização, diversificação e digitalização das economias dos países da região, além de ajudar a fortalecer a cooperação regional.

Frentes de atuação

Amina Mohammed convocou a comunidade internacional a trabalhar em três frentes que beneficiariam as economias africanas e ajudariam a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Primeiro, ela afirma que é necessário o acesso universal à energia e uma transição justa e equitativa para a energia renovável. Nesse contexto, o vice-chefe da ONU pediu uma abordagem integrada para orientar os caminhos de desenvolvimento energético da África, baseados em investimentos sustentáveis e parcerias fortes.

Hoje, cerca de 600 milhões de pessoas na África enfrentam a escassez de eletricidade. Isso significa que o continente precisará de mecanismos para o desenvolvimento de fontes de energia limpa. 

O atual aumento dos preços da energia também poderia encorajar os países africanos a aproveitar ao máximo o vasto potencial de energia renovável do continente. Mas isso requer investimentos oportunos em larga escala.

Em segundo lugar, a África precisa urgentemente transformar sistemas alimentares. Na opinião de Amina Mohammed, a Africa precisa aumentar a produtividade na agricultura e nos sistemas alimentares, utilizar novas tecnologias e sistemas modernos de irrigação, alcançar a mecanização agrícola e reduzir as perdas pós-colheita.

Ela concluiu afirmando que os problemas da África causados por crises interconectadas não serão resolvidos sem abordar as desigualdades. 

Nações Unidas

O presidente da Tunísia, Kais Saied, esteve com a vice-secretária-geral e mencionou uma nova era no mundo com o Covid-19 e a guerra na Ucrânia, mas também na Tunísia com uma nova Constituição que estabelecerá uma melhor responsabilidade para todos e a sociedade de direitos para seu povo.

Ele reconheceu que a ONU desempenha um papel importante como "nações unidas", "nações trabalhando juntas" para enfrentar os desafios. É a principal aspiração da Carta da ONU.

Amina Mohammed lembrou o convite do secretário-geral da ONU ao presidente tunisiano para participar da próxima Assembleia Geral e da importante Cúpula da Educação Transformadora. 

Como professor, o presidente Saied poderia ajudar a redefinir e repensar a educação na África. O presidente confirmou seu interesse em participar e mencionou que é fundamental adequar a educação a esta nova era. Ele disse que um conselho supremo para educação e aprendizado está previsto na nova constituição da Tunísia.