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Chefe das tropas da missão da ONU na RD Congo defende incentivo à liderança feminina BR

Um total de 876 boinas-azuis mulheres estão ativas em território congolês
Monusco
Um total de 876 boinas-azuis mulheres estão ativas em território congolês

Chefe das tropas da missão da ONU na RD Congo defende incentivo à liderança feminina

Paz e segurança

Brasileiro que comanda as forças das Nações Unidas na República Democrática do Congo diz seu país possui boa representação feminina entre os boinas-azuis; pelotão do Brasil treina tropas internacionais para atuar na selva congolesa; globalmente, número de mulheres nas operações de paz da ONU cresceu 1,2% em um ano.

O aumento de mulheres na liderança de operações de paz da ONU depende do estímulo nos países que apoiam as missões. A opinião é do comandante da força da Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo, Monusco.

Da cidade de Goma*, O general brasileiro Marcos de Sá Affonso da Costa vê sinais de progresso na representatividade feminina, mas diz haver mais por fazer em nível nacional para tê-las em postos de comando.

Selva

A atuação do Brasil na República Democrática do Congo é com um pelotão especializado em intervir na selva, com estratégias para combater grupos armados nesse contexto. Ao todo, a operação da ONU conta com mais de 16 mil soldados de paz. No contingente brasileiro, as mulheres compõem 10%.

Nações Unidas estimam que seriam necessários 20 anos para se alcançar a paridade de gênero nas tropas de paz
Capitão Tumaini Bigambo
Nações Unidas estimam que seriam necessários 20 anos para se alcançar a paridade de gênero nas tropas de paz

 

“Temos mulheres e homens também. É um grupo de treinamento, especificamente para as tropas que atuam no ambiente de floresta. Aqui O terreno aqui é muito variado. Nós temos montanhas e uma área muito grande de selva. Grupos armados, naturalmente, aproveitam-se da floresta para ter suas bases de difícil acesso. Pelo território e pela nossa geografia, temos tropas bem treinadas para esse ambiente. Nós deslocamos esses instrutores e monitores para cá e treinamos os países para esse terreno. Então, são tropas da Tanzânia, do Maláui, da África do Sul, do Nepal, da Ucrânia, porque tem a questão da aviação, e vamos expandir agora para a Índia, é muito bom esse treinamento que o Brasil oferece.” 

A ONU defende uma participação feminina com uma “contribuição plena” nas operações de paz. Para o general, o incentivo nacional à liderança de boinas-azuis mulheres pode ampliar o contributo das forças de paz.

Paridade

Ele disse ver uma evolução positiva na missão, que é atuallmente liderada pela representante Bintou Keita da Guiné Conacri.

Entre as 876 mulheres ativas em território congolês, uma delas está na frente da força de elite da Missão que lidera ofensivas contra grupos armados em caráter particular ou associada  ao exército congolês.

“Por exemplo, a chefe do Estado-maior, que é da Brigada de Intervenção, com o maior poder de combate aqui, é uma coronel da África do Sul. É da força de elite, da república sul-africana. Já tive de outras mulheres em postos importantes. É evidente que o avanço delas na hierarquia acontecerá a partir do momento em que os países as integrarem nos seus exércitos. O caso do Brasil, por exemplo, nós integramos a tenente-coronel  Simone Praia. É da Força Aérea e ela se dedica, justamente, a esse trabalho em comunidades junto com outras pessoas. Então, ainda que poucos, estamos bem representandos.”

ONU defende participação feminina com uma “contribuição plena” nas operações de paz
Monusco
ONU defende participação feminina com uma “contribuição plena” nas operações de paz

 

Segundo a ONU, a participação de mulheres nas forças de paz era de 4,8% em 2020. No ano seguinte, a média subiu para 6%, ou 2,7 mil pacificadoras entre 80 mil soldados de paz.

Evoluindo no ritmo atual, as Nações Unidas estimam que seriam necessários 20 anos para se alcançar a paridade de gênero nestas tropas.

Para o caso de unidades policiais, são precisos 12 anos. Já para os observadores militares e oficiais de Estado-maior cerca de sete anos.

*O material apresenta dificuldades técnicas devido à localização do entrevistado.