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Varíola dos macacos registra primeira queda de novos casos BR

Diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus.
ONU/Evan Schneider
Diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus.

Varíola dos macacos registra primeira queda de novos casos

Saúde

Número de novos infectados caíram 21% no último mês; situação é impulsionada por baixa na Europa; OMS destaca que maioria é relatada nas Américas; entre 98 países com notificações, Brasil aparece com 3.450 infecções confirmadas e Portugal, com 810.

O número global de casos de varíola dos macacos caiu 21% após quatro semanas de altas consecutivas. Nesta quinta-feira, a Organização Mundial da Saúde, OMS, confirmou um total de 5.907 novas infeções no mundo, comparado aos 7.477 da semana anterior.

No entanto, as notificações semanais até 21 de agosto subiram de forma contínua e acentuada nas Américas, seguindo a tendência regional observada nos períodos anteriores.

Europa e Américas 

Em relatório sobre a situação internacional, apresentado em Genebra, a agência indica que a diminuição pode ser reflexo dos primeiros sinais de um declínio de recém-infectados na região europeia. A situação ainda precisaria ser confirmada.

Falando a jornalistas, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, mencionou a inversão dos estágios iniciais do surto, quando maioria dos casos relatados ocorreu na Europa e uma proporção menor nas Américas.

O vírus da varíola dos macacos pode ser transmitido através da exposição direta a lesões
© Cristina Mussini
O vírus da varíola dos macacos pode ser transmitido através da exposição direta a lesões

 

O chefe da agência disse que agora menos de 40% dos casos são relatados na Europa e 60% nas Américas.  Ressaltando os sinais de baixa do surto na região europeia, ele disse que uma combinação de medidas eficazes de saúde pública, mudança de comportamento e vacinação estão ajudando a prevenir a transmissão.

Na quarta-feira, a OMS assinou um acordo com a única farmacêutica licenciada a fabricar imunizantes contra a varíola dos macacos. A expetativa de Tedros Ghebreyesus é que o entendimento com a Bavarian Nordic ajude a controlar o surto na América Latina e Caribe.

A varíola dos macacos pode se alastrar através do contato pele a pele, ou da pele de um paciente com as lesões que esteja infectado. Outra via é o contato com roupas ou lençóis de um infectado.

Brasil e Portugal

A OMS destaca que os dados das Américas representam 60% dos casos confirmados no mês passado. O Brasil teve 3.450 pacientes e um morto, colocando o país em terceiro lugar na lista de 10 nações com mais infectados. Os primeiros são os Estados Unidos, com 14.049, e Espanha com 6.119 confirmações.  

O outro país lusófono no grupo de países com casos é Portugal, com um total de 810 e sem qualquer óbito. A região da Europa concentra cerca de 38% dos 45 mil casos relatados em 98 países desde o final de abril. 

OMS assinou um acordo com a única farmacêutica licenciada a fabricar imunizantes
© CDC/Cynthia S. Goldsmith, Russell Regnery
OMS assinou um acordo com a única farmacêutica licenciada a fabricar imunizantes

 

O relatório divulgado nesta quinta-feira confirma ainda as primeiras notificações no  Irã e na Indonésia.

No continente africano, a Nigéria tem a maioria dos pacientes. Os Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças destaca haver 219 novos casos notificados em toda a região, onde por várias décadas a varíola dos macacos foi considerada endêmica.

Soropositivos 

Os dados da OMS confirmam que 98% do total é do sexo masculino. Deste total, 96% são em homens que fazem sexo com homens.

O documento ressalta que de todos os tipos de transmissão relatados, o mais frequente foi de um encontro sexual. 

Menino de 5 anos com variola dos macacos na RD Congo.
Foto:© UNICEF/Piero Pomponi
Menino de 5 anos com variola dos macacos na RD Congo.

 

Em pessoas com a varíola dos macacos que foram testadas para o HIV, 45% eram soropositivos.
A recomendação da agência é que homens com alto risco de contrair a doença considerem “reduzir temporariamente o número de parceiros sexuais, ou se abstenham de ter sexo em grupo ou ocasional”.

Parceiros 

O pedido feito aos países que têm vacinas é que priorizem a imunização para pessoas com alto risco de contrair a doença, incluindo homens homossexuais e bissexuais com múltiplos parceiros. 

De acordo com a OMS, o processo também deve dar primazia a profissionais de saúde, funcionários de laboratório e pessoas envolvidas na resposta a surtos.