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Conselho de Segurança debate consequências da guerra na Ucrânia BR

Secretário-geral da ONU em reunião do Conselho de Segurança sobre Manutenção da Paz e Segurança da Ucrânia
UN Photo/Eskinder Debebe
Secretário-geral da ONU em reunião do Conselho de Segurança sobre Manutenção da Paz e Segurança da Ucrânia

Conselho de Segurança debate consequências da guerra na Ucrânia

Paz e segurança

Após seis meses da invasão russa à Ucrânia, secretário-geral pede que esforços empregados para Iniciativa de Grãos do Mar Negro sejam exemplo para soluções diplomáticas para fim do conflito; agências da ONU alertam para degradação da situação humanitária e agravamento da crise de alimentos com a continuação da violência.

Nesta quarta-feira, o Conselho de Segurança se reuniu mais uma vez para discutir sobre a situação na Ucrânia. O dia 24 de agosto é simbólico por coincidir com a  independência do país e com os seis meses da invasão russa.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, falou aos membros do órgão e destacou o aprofundamento da crise alimentar global causada pela violência no leste europeu.

O dia 24 de agosto é simbólico por coincidir com a  independência do país e com os seis meses da invasão russa.
© UNDP Ukraine/Krepkih Andrey
O dia 24 de agosto é simbólico por coincidir com a independência do país e com os seis meses da invasão russa.

Consequências da guerra na Ucrânia

Ele celebrou os avanços da Iniciativa de Grão do Mar Negro, que já embarcou 720 mil toneladas de alimentos nas últimas semanas. O chefe da ONU pediu que os mesmos esforços de negociação sejam aplicados para uma solução diplomática na região.

Guterres voltou a ressaltar sobre os perigos de ataques próximos a Usina Nuclear de Zaporizhzhia, afirmando que a escalada da violência na região poderia levar a ‘autodestruição’.

Ele concluiu seu discurso pedindo pela paz na Ucrânia e pelo compromisso dos Estados-membros com a Carta da ONU.

Também esteve na reunião a subsecretária-geral para Assuntos Políticos, Rosimary DiCarlo. Na terça-feira, ela já havia falado ao Conselho sobre a ameaça nuclear na usina ucraniana.

Na sessão, ela destacou a questão humanitária, que vem se deteriorando com a continuação dos bombardeios em diversas cidades do país. A subsecretária-geral afirmou que 40% da população precisa de ajuda e que o acesso desimpedido deve ser garantido por todas as partes do conflito.

A participação do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de forma remota na sessão foi levada a votação e aprovada por 13 membros do órgão, mesmo com o voto contrário da Rússia e a abstenção da China.

Outras análises

Outros representantes da ONU também falaram sobre as consequências da violência, tanto dentro quanto fora das fronteiras ucranianas.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, alerta para os desafios da chegada do inverno. O diretor regional da OMS para Europa, Hans Kluge, condenou os ataques a instalações hospitalares, afirmando que é uma violação à lei humanitária internacional.

Já o Programa Mundial de Alimentos, PMA, destaca o agravamento da fome, tanto global quanto entre os ucranianos.

A agência, com papel estratégico na Iniciativa de Grãos do Mar Negro, acredita que as embarcações que deixaram os portos do país nas últimas semanas podem ajudar a estabilizar o mercado internacional e aliviar a insegurança alimentar no mundo.

A chefe da Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia, Matilda Bogner, também ressaltou a questão humana.

Segundo ela, o número de civis presos e desaparecidos, bem como os casos de tortura, entre outras violações aos direitos humanos e crimes de guerra, vem subindo desde o início do conflito.

Os dados do Escritório para os Direitos Humanos apontam que já são mais de 13,5 mil vítimas civis: sendo pelo menos 5,6 mil mortos e 7,9 mil feridos.

Os dados são baseados em incidentes verificados e estima-se que a quantidade de vítimas pode ser consideravelmente maior.