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América Latina deve crescer em média 2,7% este ano, diz Cepal BR

Café em Buenos Aires, Argentina. Redução da projeção de crescimento para a América do Sul é ainda mais baixa
Unsplash/Jeremy Stewardson
Café em Buenos Aires, Argentina. Redução da projeção de crescimento para a América do Sul é ainda mais baixa

América Latina deve crescer em média 2,7% este ano, diz Cepal

Desenvolvimento econômico

Comissão Econômica para América Latina e Caribe indica que região deve retornar ao baixo crescimento registrado antes da pandemia; dados são do “Estudo Econômico da América Latina e do Caribe”, publicado anualmente.

Os países da América Latina e do Caribe* serão afetados de forma negativa por uma série de crises econômicas e políticas desde a pandemia da Covid-19. A previsão é da publicação anual da Comissão Econômica das Nações Unidas para a região, Cepal.

Em seu Estudo Econômico da América Latina e do Caribe, 2022: dinâmica e desafios do investimento para impulsionar uma recuperação sustentável e inclusiva, apresentado na segunda-feira, na sede da agência, em Santiago do Chile, a Cepal projeta um crescimento de 2,7% este ano.

Um vendedor limpa peixes em Veracruz, México. Taxa de desemprego masculino caiu de 10,4% no final do segundo trimestre de 2020 para 6,9% no final do primeiro trimestre de 2022
Unsplash/Roberto Carlos Roman Don
Um vendedor limpa peixes em Veracruz, México. Taxa de desemprego masculino caiu de 10,4% no final do segundo trimestre de 2020 para 6,9% no final do primeiro trimestre de 2022

Demandas sociais, desafio é controlar a inflação

A pandemia, a aceleração da inflação, em nível global, a valorização do dólar e a guerra na Ucrânia são alguns dos fatores para o baixo crescimento. O secretário executivo interino da Cepal, Mario Cimoli, disse que coordenar a política macroeconômica é crucial para melhorar o crescimento e reduzir a pobreza e desigualdade da região.

E a crise deve ultrapassar 2022, segundo a Cepal. O crescimento mais lento com a queda de investimentos e o aumento das demandas sociais geraram grandes desafios para a política macroeconômica dos países latino-americanos e caribenhos. O desafio é controlar a inflação e tornar as finanças públicas em patamares aceitáveis.

Com a guerra entre Rússia e Ucrânia e tensões geopolíticas, surgem também redução de alimentos, aumento no preço de cereais e energia e outros choques que já haviam surgido com a pandemia.

Crescimento mais lento com a queda de investimentos e o aumento das demandas sociais geraram grandes desafios para a política macroeconômica dos países latino-americanos e caribenhos
Agência Brasil/Marcelo Camargo
Crescimento mais lento com a queda de investimentos e o aumento das demandas sociais geraram grandes desafios para a política macroeconômica dos países latino-americanos e caribenhos

Caribe cresce mais, resto tem crescimento reduzido pela metade

A redução da projeção de crescimento para a América do Sul é ainda mais baixa. A sub-região deve crescer 2,6% contra 6,9% no ano passado. América Central e México devem ter uma performance de 2,5% contra 5,7% em 2021.

O Caribe vai em direção contrária; Deve subir 4,7% contra 4% no ano anterior, à exceção da Guiana.

Como já era esperado, o conflito na Ucrânia deixou as commodities mais caras e a média de inflação para América Latina e Caribe foi de 8,4% em junho, mais que o dobro dos patamares de 2005 a 2009.

A Cepal lembra que a desaceleração da atividade econômica está restringindo a recuperação dos mercados de trabalho, especialmente para as mulheres.

Taxa de desemprego feminino caiu 2,1 pontos percentuais no mesmo período, de 12,1% para 10,0%
OIT/Marcel Crozet
Taxa de desemprego feminino caiu 2,1 pontos percentuais no mesmo período, de 12,1% para 10,0%

Mulheres atrás dos homens no mercado de trabalho pós-pandemia

Enquanto a taxa de desemprego masculino caiu de 10,4% no final do segundo trimestre de 2020 para 6,9% no final do primeiro trimestre de 2022, uma queda de 3,5 pontos percentuais, a taxa de desemprego feminino caiu 2,1 pontos percentuais no mesmo período, de 12,1% para 10,0%.

Também, no final do primeiro trimestre de 2022, a taxa de participação feminina (51,4%) fica atrás da taxa de participação masculina (74,2%). Este atraso na reincorporação da mulher ao mercado de trabalho é condicionado pelo atraso na recuperação dos setores econômicos que concentram o emprego feminino e pelo aumento da necessidade de cuidados que se manifestou fortemente após o surgimento da pandemia.

*Com informações da Cepal.