Países em desenvolvimento e sem acesso a litoral buscam 500 bilhões para conectividade
Em reunião no Turcomenistão, ministros dos Transporte disseram que sem investimentos, não será possível construir infraestrutura sustentável; em mensagem ao encontro, chefe da ONU pediu cooperação para que o transporte retorne aos trilhos.
O fosso de financiamento para conectividade entre os países em desenvolvimento e sem acesso ao litoral é de meio trilhão de dólares.
O alerta foi feito durante uma reunião de alto nível em Azawa, no Turcomenistão.
Secretário-geral diz que cooperação ajudará a todos
O fechamento das fronteiras durante a Covid-19 expôs vulnerabilidades por conta de sua geografia, aumentando a necessidade de cooperação digital e investimento em resiliência para enfrentar as crises do futuro.
Em mensagem aos participantes do evento, o secretário-geral da ONU afirmou que a desaceleração econômica reduziu a capacidade dos governos de financiar projetos de infraestrutura a longo prazo.
Para António Guterres, a saída é a cooperação para recolocar o transporte dos países, sem acesso a litoral, nos trilhos.
Guterres lembrou que essas nações em desenvolvimento dependem mais do que ninguém do transporte, por terem quase sempre redes precárias.
Mais de 500 milhões de pessoas vivem em 32 países
Com custos até 50% mais altos que os de países em desenvolvimento que têm litoral, as nações sem saída para o mar também têm dificuldade para receber financiamento em transporte sustentável.
O vice-chefe de gabinete dos Ministros e chanceler do Turcomenistão, Rashid Meredov, disse que apenas por meio da solidariedade e da cooperação, os países sem acesso a litoral poderão conseguir a conectividade.
Mais de 500 milhões de pessoas vivem nas 32 nações em desenvolvimento e sem acesso ao litoral. Essas populações foram atingidas em cheio pela pandemia. Quando as fronteiras fecharam, foi bastante difícil fazer chegar equipamento vital para o tratamento da Covid como respiradores, instrumentos de proteção e outros itens.
Mudança climática e desastres naturais
A mudança climática é outro tema que afeta, desproporcionalmente, os países sem saída para o mar com cheias, padrões de temperatura diferentes, o derretimento das calotas polares e a desertificação. Todos são ameaças grandes à infraestrutura de transporte dessas nações.
A nova alta representante do secretário-geral para os Países Menos Desenvolvidos e sem Acesso ao Litoral e Pequenos Estados-Ilha, Rabab Fatima, disse que a economia da Covid, com sua inflação disparada e os efeitos da cadeia de suprimentos tornou ainda mais difícil o investimento em interconectividade desses países.
Para ela a única solução é uma parceria criativa com o setor privado. Os ministros presentes à reunião no Turcomenistão debateram segurança nas estradas, maior uso das tecnologias de comunicação e informação nos sistemas de transporte e trânsito e a construção de um setor sustentável de transporte.
Para se chegar à média global de construção de uma malha ferroviária e de estradas asfaltadas, é necessário construir mais de 46 mil km de ferrovias e quase 200 mil km de ruas pavimentadas.
A reunião na Ásia Central é parte de um processo preparatório da 3ª. Conferência dos Países em Desenvolvimento sem Acesso ao Mar e Pequenos Estados-ilha, que está marcada para 2024.