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Crise no Afeganistão seguirá trágica sem restauração econômica e inclusão feminina BR

Mulheres e crianças foram as mais afetadas pela atual crise humanitária no Afeganistão.
Unama/Shamsuddin Hamedi
Mulheres e crianças foram as mais afetadas pela atual crise humanitária no Afeganistão.

Crise no Afeganistão seguirá trágica sem restauração econômica e inclusão feminina

Ajuda humanitária

Chefe do Sistema ONU no país, Ramiz Alakbarov, afirma que ajuda humanitária chega a 94% dos mais vulneráveis; após terremoto, entidades levaram auxílio a 85 mil pessoas no sudeste da nação; fundo humanitário já forneceu US$ 189 milhões.

Apesar de resposta robusta à necessidade humanitária no Afeganistão, a realidade do país seguirá trágica a menos que a economia e o sistema bancário sejam restaurados, as meninas possam a estudar e as mulheres participem de todos os aspectos da vida social.

A declaração é do representante das Nações Unidas no Afeganistão, Ramiz Alakbarov. Segundo a ONU, quase 23 milhões de pessoas receberam pelo menos uma forma de assistência humanitária. Isso representa 94% dos 24,4 milhões que precisam de ajuda.

Menino tem circunferência do braço medida em Kandahar, Afeganistão
UNICEF
Menino tem circunferência do braço medida em Kandahar, Afeganistão

Ajuda humanitária

Os desafios foram agravados após um terremoto de magnitude 5.9, na escala Richter, e que atingiu o sudeste do Afeganistão afetando milhares de pessoas em 22 de junho.

A ONU e seus os parceiros afirmam ter alcançado cerca de 85 mil pessoas, o que representa 85% dos diretamente atingidos pelo sismo.

As agências levaram alimentos, abrigo de emergência, auxílio médico e outras assistências críticas.

Segundo as Nações Unidas, o Fundo Humanitário e o Fundo Central de Resposta a Emergências desempenharam um papel fundamental na prevenção do colapso dos setores de saúde e educação, garantindo que trabalhadores essenciais continuassem a ser pago.

Até agora, em 2022, o Fundo Humanitário do Afeganistão forneceu US$ 189 milhões a parceiros que prestam assistência para salvar vidas.

Unicef considera a decisão das autoridades de adiar o regresso à escola das alunas até o 12º ano de grande revés para as meninas
Unicef/Azizzullah Karimi
Unicef considera a decisão das autoridades de adiar o regresso à escola das alunas até o 12º ano de grande revés para as meninas

Direitos humanos

Um grupo de relatores de direitos humanos* alerta que um ano após o retorno do Talibã ao poder, a comunidade internacional precisa tomar ações para proteger grupos mais vulneráveis de violações que vem sendo cometidas.

Eles destacam que embora tenham assumido vários compromissos para defender os direitos humanos, o Talibã “não apenas falhou em cumprir suas promessas, mas também reverteu muito progresso feito nas últimas duas décadas”.

Na avaliação dos relatores, se as autoridades de facto buscam reconhecimento e legitimação internacional, elas precisam deixar de violar os ditames de direitos humanos e oferecer respeito aos afegãos comuns, em particular mulheres e meninas.

Para eles, até que o Talibã demonstre passos significativos no respeito aos direitos humanos, incluindo o acesso imediato de meninas à educação de qualidade, as autoridades de facto não devem ser reconhecidas.

Compromissos internacionais

Os relatores apelaram ao Talibã para cumprir todas as obrigações e compromissos internacionais de direitos humanos e leis humanitárias. Eles querem ainda que o país implemente os direitos de meninas e mulheres à educação, emprego e participação na vida pública. Eles pediram a reabertura imediata das escolas secundárias para as alunas, além do fim da restrição de vestuários para mulheres e outras proibições.

As autoridades de facto devem respeitar a anistia geral e cessar todas as represálias a membros das forças de segurança do governo anterior, funcionários e sociedade civil, especialmente defensores de direitos humanos, incluindo mulheres.

O livre acesso de monitores de direitos humanos e atores humanitários em todo o país, incluindo locais sensíveis, incluindo todos as áreas de detenção deve ser garantido e a Comissão Independente de Direitos Humanos do Afeganistão, reestabelecida.

Por fim, o grupo faz recomendações à comunidade internacional para apoiar a situação no país, como o acesso a ajuda humanitária, apoio ao trabalho do Relator Especial para o Afeganistão e aos grupos civis de defensores das mulheres, bem como medidas para a retomada da economia afegã.

*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.