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Acordo de grãos não traz perspectivas para fim da guerra na Ucrânia, diz ONU BR

Ataques com esses dispositivos em território ucraniano resultaram na morte ou ferimento de  pelo menos 689 civis, danificando casas, hospitais e escolas
© UNDP/Oleksandr Ratushniak
Ataques com esses dispositivos em território ucraniano resultaram na morte ou ferimento de  pelo menos 689 civis, danificando casas, hospitais e escolas

Acordo de grãos não traz perspectivas para fim da guerra na Ucrânia, diz ONU

Paz e segurança

Subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Consolidação de Paz, Rosemary DiCarlo, falou ao Conselho de Segurança destacando que violência segue impactando vida de civis; assistência humanitária relata dificuldades em acessar áreas controladas por tropas russas.

O conflito na Ucrânia voltou a ser tema de uma reunião do Conselho de Segurança, a primeira após a assinatura do acordo para a retomada segura das exportações de grãos do país através do Mar Negro. 

A subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Consolidação de Paz, Rosemary DiCarlo, afirmou que embora a iniciativa seja “encorajadora”, ainda faltam perspectivas para o fim da guerra no leste europeu.

Subsecretária-geral para os Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, destacou haver alegações críveis de que as forças russas teriam usado munições de fragmentação em áreas povoadas pelo menos 24 vezes
UN Photo/Manuel Elias
Subsecretária-geral para os Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, destacou haver alegações críveis de que as forças russas teriam usado munições de fragmentação em áreas povoadas pelo menos 24 vezes

Esforços diplomáticos 

DiCarlo contou que o impacto é claro, globalmente. Segundo ela, sem uma solução diplomáticas, as consequências da guerra se tornarão ainda mais evidentes com o início do inverno.

A subsecretária-geral destacou que a retórica sobre expandir geograficamente o conflito ou negar a soberania da Ucrânia, contrasta com o espírito construtivo demonstrado em Istambul, na Turquia, onde foi assinado o acordo de exportação de grãos da Ucrânia.

Ela ressaltou que a continuidade de bombardeios a cidades ucranianas segue impactando a vida dos civis. Segundo as informações do Escritório de Direitos Humanos da ONU, o número de mortos, feridos ou mutilados subiu para mais de 12 mil. O número de mortes, ultrapassa 5,2 mil pessoas.

Assistência humanitária

Também nesta sexta-feira, a equipe humanitária da ONU em Kyiv concedeu uma entrevista a jornalistas. O porta-voz do Escritório para Assuntos Humanitários, Ocha, destacou que os funcionários continuam sem acesso a regiões fora do controle da Ucrânia. 

O brasileiro Saviano Abreu disse que a Rússia vem bloqueando a entrada dos comboios. E por causa do risco, as equipes precisaram se abrigar contra bombardeios durante operações para levar mantimentos a áreas isoladas.

Desde o início da guerra, a ONU e os parceiros humanitários forneceram ajuda a cerca de 11 milhões de pessoas, com alimentos e assistência aos meios de subsistência, serviços de proteção, remoção de minas e acesso à água potável e ao saneamento. 

Mulher passa por sacos de areia empilhados para proteção, em Odessa, Ucrânia
© UNICEF/Siegfried Modola
Mulher passa por sacos de areia empilhados para proteção, em Odessa, Ucrânia

Abrigo em toda a Europa

Segundo os dados apresentados ao Conselho de Segurança pela subsecretária-geral para Assuntos Políticos, quase 6 milhões de refugiados ucranianos foram abrigados em toda a Europa. 

Desde que a guerra começou, em 24 de fevereiro, mais de 9,5 milhões de pessoas atravessaram as fronteiras para fora da Ucrânia. Já as entradas somaram 3,8 milhões.

Com a chegada do inverno no Hemisfério Norte, DiCarlo afirma estar preocupada com o aumento da dificuldade para deslocados e repatriados terem acesso a abrigos e cuidados de saúde.

Mulheres e meninas

Ela também chamou a atenção para o impacto do conflito sobre mulheres e meninas, particularmente com segurança alimentar e saúde. 

Segundo DiCarlo, o acesso aos serviços de saúde, incluindo a saúde sexual e reprodutiva, está se deteriorando rapidamente, assim como o de cuidados para recém-nascidos e crianças. 

A subsecretária-geral afirmou que incidentes de violência baseada em gênero, incluindo violência sexual em conflitos, aumentaram, mas que serviços para sobreviventes não estão sendo fornecidos de forma adequada.  E muitas vítimas acabam não tendo como reportar os casos de abuso e violência.

DiCarlo enfatizou que as mulheres devem ser participantes significativas nas discussões e iniciativas para moldar o futuro do país, incluindo negociações de paz, esforços de recuperação, construção da paz e esforços de responsabilização.