Primeiras embarcações de grãos podem deixar portos da Ucrânia nesta sexta-feira
Paz e segurança
Subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, afirma que detalhes para assegurar segurança estão sendo avaliados; retomada pode aliviar crise de alimentos que agravou fome global no último ano.
O subsecretário-geral para Assuntos Humanitário, Martin Griffiths, falou a jornalistas nesta quinta-feira sobre as negociações para liberação do fluxo de exportações de alimentos no Mar Negro.
A expectativa é que o primeiro carregamento de grãos possa ocorrer já nesta sexta-feira, mas detalhes para a passagem segura de embarcações ainda estão sendo discutidos.
Secretário-geral da ONU, António Guterres, esteve em Istambul, na Turquia, para a assinatura de um acordo com Rússia e a Ucrânia
Passagem segura
Na última semana, a ONU celebrou a assinatura do acordo entre Rússia e Ucrânia para a retomada das exportações de grãos ucranianos e insumos russos por três portos ucranianos na região: Odessa, Chernomorsk e Yuzhny.
Para garantir a funcionalidade do acordo, a organização anunciou a inauguração do Centro de Coordenação Conjunta em Istambul, na Turquia, na quarta-feira. Os integrantes são altos representantes da Ucrânia, da Rússia, da Turquia e das Nações Unidas.
O chefe humanitário da ONU ressaltou as dificuldades da guerra e questões de segurança para que as embarcações sejam inspecionadas.
Outro ponto de atenção é para a retirada de minas nos portos ucranianos. As primeiras avaliações indicavam que levaria pelo menos quatro meses para que fosse feita uma completa varredura dos locais.
Para antecipar os planos, as autoridades ucranianas estão responsáveis por guiar as embarcações de forma segura na entrada e saída dos portos. Há ainda a previsão de corredores e a garantia de que os navios não serão atacados no processo de carga e descarga.
Crise de alimentos
Após a assinatura na última sexta-feira e o lançamento da coordenação conjunta esta semana, os detalhes para a implementação do acordo estão sendo debatidos. Martin Griffiths também ressaltou o ataque em Odessa neste sábado e conversas com seguradoras.
Até agora, ele avalia que as negociações apontam que a operação deve ser comercialmente viável e afirma que o Programa Mundial de Alimentos deve comprar grãos da Ucrânia.
O principal objetivo do acordo é voltar aos níveis de exportação de antes do início da guerra, em 24 de fevereiro. A retomada é vista como fundamental uma vez que Rússia e a Ucrânia respondem por uma parcela importante da exportação global de grãos e insumos agrícolas.
Com o conflito em solo ucraniano e o controle russo nas principais cidades portuárias, o abastecimento de alimentos foi comprometido, resultado no aumento de preços em todo o mundo.
A ONU alerta que os impactos da guerra, somados a recuperação da crise da Covid-19, agravaram a fome pelo mundo, que atinge 9,8% da população global segundo estudo conjunto de agências das Nações Unidas.
Avaliações
A estimativa de Griffiths é que com a retomada do abastecimento na região, um navio que deixe Odessa, Ucrânia, chegue em cerca de quatro semanas na Somália, um dos países mais afetados pela escassez de alimentos.
O subsecretário também notou que houve uma reação positiva do mercado com a assinatura do acordo na última semana, com uma tendência de queda no preço dos grãos.
Em sua avaliação, o compromisso é inédito. Ele afirmou nunca ter presenciado uma negociação entre dois países em guerra que não buscam essencialmente o cessar-fogo e precisam trabalhar juntos para honrar o acordo assinado.