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Acnur volta a repatriar congoleses de Angola após pausa pela Covid-19 BR

Família de refugiados em Angola reúne-se com autoridades e funcionários do Acnur antes de regressar voluntariamente à República Democrática do Congo
Acnur/Lina Ferreira
Família de refugiados em Angola reúne-se com autoridades e funcionários do Acnur antes de regressar voluntariamente à República Democrática do Congo

Acnur volta a repatriar congoleses de Angola após pausa pela Covid-19

Paz e segurança

Emergência de saúde levou ao encerramento das fronteiras com a República Democrática do Congo, RD Congo; fatores como mau estado das estradas e da ponte sobre o rio Kassai também ditaram a interrupção; mais de 600 congoleses se voluntariaram para retornar à terra de origem.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados, Acnur, anunciou a retomada do repatriamento voluntário de refugiados congoleses em Angola após ter sido interrompido em 2020 no início da pandemia.

O primeiro comboio de 88 refugiados congoleses partiu nesta terça-feira do assentamento de Lóvua, na região angolana da Lunda Norte. A previsão é que o grupo chegue nesta quarta-feira na fronteira com a República Democrática do Congo, RD Congo.

Violência

A agência da ONU organiza o repatriamento voluntário com os governos dos dois países.

A congolesa Verónica Angélica na expectativa de voltar para casa a partir do assentamento de refugiados de Lóvua, em Angola
Acnur/Lina Ferreira
A congolesa Verónica Angélica na expectativa de voltar para casa a partir do assentamento de refugiados de Lóvua, em Angola

 

Falando a jornalistas, em Genebra, o porta-voz do Acnur contou que a Organização Internacional para as Migrações, OIM, e parceiros colaboram na iniciativa.

Boris Cheshirkov afirmou que os refugiados partiram em caminhões da OIM em direção à fronteira de Chicolondo. Eles passarão a noite num centro temporário antes de atravessar a fronteira.

Há planos de enviar mais comboios para atravessar a fronteira de Chissanda nas próximas semanas. A viagem dos refugiados termina na região oriental congolesa, incluindo em áreas como Kassai, Kassai Central, Kwilu, Sankuru, Lomami, Lualaba e a capital Kinshasa.

O retorno acontece cinco anos após a fuga de 35 mil congoleses da violência política e étnica da área oriental de Kassai.

Candidatos a asilo

Em Angola, a maioria deles estava alojada no assentamento de Lóvua que alberga 7 mil pessoas.

Gobe Emma, de 11 anos, e Funda Mako, de 12, são os apresentadores de um programa semanal na Rádio Solidariedade, em Lunda Norte, Angola.
Captura vídeo
Gobe Emma, de 11 anos, e Funda Mako, de 12, são os apresentadores de um programa semanal na Rádio Solidariedade, em Lunda Norte, Angola.

 

De acordo com o Acnur, muitos refugiados retornaram espontaneamente à RD Congo nos últimos anos.

Mais de 600 congoleses já manifestaram vontade de serem repatriados e espera-se que revelem tal interesse com a retomada da operação.

A paralisação do programa de repatriamento aconteceu um ano após ter começado. A Covid-19 levou ao encerramento das fronteiras, mas outras questões que determinaram a pausa incluem o mau estado das estradas e da ponte sobre o rio Kassai.

Dentro do território angolano, o Acnur ajuda a cerca de 57 mil refugiados e requerentes de asilo que vivem principalmente em áreas urbanas. 

Refugiados da RD Congo em Lunda Norte, em Angola.
Foto: Paolo Balladelli/ONU Angola.
Refugiados da RD Congo em Lunda Norte, em Angola.