África mira em economia azul para conter êxodo de jovens pelo Mediterrâneo BR

Comissária da União Africana quer avanços na meta no período em que região aposta em impulsionar resiliência nutricional e segurança alimentar; pelo menos 467 migrantes morreram ou desapareceram este ano usando a rota considerada perigosa.
A comissária para a Agricultura e Economia Rural pela União Africana, Josefa Correia, disse que o continente busca fundos para projetar a economia do mar sustentável como uma alternativa para conter a morte de jovens em busca de uma vida melhor na Europa.
A representante detalhou à ONU News, de Lisboa, como essa aposta pode beneficiar o grupo e desenvolver a região.
“Há muito potencial no mar. A economia azul é muito grande. Temos uma estratégia da União Africana, adotada em 2019, mas a Covid-19 veio e não houve grandes avanços. Neste momento, estamos a tentar mobilizar fundos para implementar a nossa estratégia. É holística. Olha para a parte dos portos e dos transportes marítimos. Como sabe, o nosso fluxo comercial é feito através dos barcos cargueiros e essa é uma grande economia. Ela gera emprego para os nossos jovens, ao invés de eles virem aqui para a área mediterrânea e perder o nosso potencial demográfico. Podemos organizar esse setor para dar emprego aos nossos jovens. E temos ainda a parte da pesca.”
Cerca de 11,5 mil perderam a vida ou desapareceram nos últimos oito anos em rotas do continente africano durante a aventura por uma vida melhor no bloco europeu. Os dados são da Organização Internacional para as Migrações, OIM.
A agência da ONU destaca ainda que pelo menos 467 migrantes tiveram esse destino na rota do Mediterrâneo desde o início de 2022.
“Temos a pesca artesanal e a aquicultura hoje com os nossos lagos. Se olhamos para um país como Uganda, com o lago Vitória, eles pescam muito mais que países que são costeiros. Portanto, são grandes potencialidades que temos. Sabemos ainda que a proteína animal do peixe é muito importante para uma dieta equilibrada. A União Africana declarou o ano de 2022 o ano de reforço de resiliência nutricional e da segurança alimentar.”
Ao mesmo tempo que as oportunidades, a comissária africana apontou os desafios, que incluem conter a segurança marítima, a pesca ilegal, o combate à pirataria, a poluição plástica e industrial.
Num momento em que a abordagem do mar chama maior atenção, o apelo é que a economia sustentável dos mares seja mais bem aproveitada para envolver mulheres e jovens em negócios do setor.
A União Africana também tem como alvo promover a tecnologia marítima e a formação de jovens na inovação.