O mundo estará próximo de avançar em comum pelos mares? BR

ONU News ouviu expetativas à volta do desfecho da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas; subsecretário-geral ressalta momento de pôr mãos ao trabalho; cidadãos de países em risco de desaparecer falam de dias cruciais para a sua sobrevivência.
A contagem regressiva começou para o final da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, que acontece em Lisboa.
Entre os participantes que mais chamam a atenção no evento estão os das nações que enfrentam o drama das alterações do clima e já estão a ficar submersas.
O secretário-geral da Organização dos Países da África, Caribe e Pacífico, Georges Chikoti, disse à ONU News, na capital portuguesa, que não há escolha a não ser continuar com a pressão internacional a favor dos 38 países mais ameaçados, no bloco que tem 79 membros.
“São as questões que mais preocupam a comunidade internacional. Tudo depende de como o mundo vai se gerir em volta do ambiente e em volta dos mares. Se não tivermos o cuidado, há probabilidade de desaparecimento de grande parte da comunidade internacional. Por isso, uma cimeira como esta é importante para hoje, mas também para a cimeira que nós estamos a preparar para Luanda. A expetativa para nós é grande para sabermos das conclusões que estão a sair daqui e o que é que nós vamos fazer como continuidade.”
Um entendimento sobre os mares a ser adotado esta semana é relevante para as ilhas Fiji, que já vivem essa realidade e pedem proteção dos oceanos para sobreviver. Um dos cidadãos do país, Pita Ligaiula, traz esse testemunho ao evento.
Ele disse que a mudança climática é um grande problema e uma questão de vida ou morte para ele e seus compatriotas. A questão envolve a segurança, da qual depende o futuro, porque não há dúvidas que a mudança climática seja a causa da ameaça.
Os efeitos das alterações são visíveis em países insulares e seus meios de sobrevivência que passam pelos mares. No evento com foco em oceanos, ele lembra que os humanos são “guardiões dos mares, e muitas ilhas do pacífico dependem deles para sobreviver. A falta de proteção é uma ilha sem futuro”.
A República Dominicana é conhecida como uma das maiores maravilhas da biodiversidade, pela vasta variedade que a rodeia. O embaixador Miguel Prestor González lembrou que o país sofre as ameaças de uma ilha.
Ele disse que, como tal, mesmo com o grande apreço pelos oceanos e mares, a expetativa é de que o evento seja o marcar de uma boa interação. Entre os temas essenciais do país estão a proteção das áreas marinhas, o meio ambiente e discussões sobre o problema de algas, da contaminação de praias e zonas costeiras.
Com o evento próximo do fim, o subsecretário-geral dos Assuntos Econômicos e Sociais, Liu Zhenmin, disse que no geral os países devem selar um posicionamento firme na sexta-feira.
Ele declarou que os Estados-membros foram capazes de concordar na declaração política antes da chegada a Lisboa. Esse passo deu todo o tempo necessário rumo à ação urgente para reverter o declínio da saúde dos oceanos. Para o representante, a sinceridade do momento é tanto profunda como tranquilizante porque todos precisam pôr mãos ao trabalho.
Os organizadores disseram ter havido avanços no evento, que acontece dois anos depois de um atraso devido à pandemia de Covid-19.
Agora os 7 mil participantes da conferência de Lisboa esperam para ver o desfecho e a ação que se seguirá às sessões da capital portuguesa. Entre eles estão decisores políticos, representantes da sociedade civil, da academia e do setor público-privado.
*De Lisboa para a ONU News em Nova Iorque, Eleutério Guevane e Leda Letra.