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OMS nas Américas quer avançar investigação sobre causas da hepatite em crianças BR

Criança recebe vacina contra hepatite B, porém casos recentes não foram associados aos vírus tradicionais.
OMS/Opas
Criança recebe vacina contra hepatite B, porém casos recentes não foram associados aos vírus tradicionais.

OMS nas Américas quer avançar investigação sobre causas da hepatite em crianças

Saúde

Foram notificados mais de 860 casos prováveis da doença em crianças saudáveis; Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, quer avaliar diversos fatores que podem desencadear a doença; agência busca descartar formas frequentes de hepatite e presença do adenovírus humano em pacientes.*

A Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, emitiu novas orientações aos laboratórios da região para contribuir com as investigações sobre as causas da hepatite de origem desconhecida em crianças.

Entre 1º de outubro de 2021 e 16 de junho de 2022, foram notificados ao menos 869 casos prováveis de hepatite aguda de etiologia (estudo dos tecidos) desconhecida em crianças saudáveis menores de 16 anos em 33 países ao redor do mundo.

Destes, 368 estavam em sete países das Américas, em sua maioria nos Estados Unidos.

Monitoramento e prevenção de casos

Segundo o chefe de HIV, Tuberculose, Hepatites e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Opas, Ruben Mayorga, embora seja uma doença grave em crianças e motivo de preocupação, sua ocorrência permanece pouco frequente.

Ele ressaltou, no entanto, que é importante “continuar monitorando a situação e investigando os casos prováveis”. Existem várias hipóteses sobre a causa desses casos, incluindo fatores toxicológicos ou medicamentosos, alimentícios, imunológicos bem como ambientais ou infecciosos.

No entanto, nenhuma foi comprovada até o momento e várias delas estão sendo ativamente investigadas. Conhecer as causas permitirá informar as políticas e medidas de saúde pública para prevenir novos casos e tratar a doença.

Novas diretrizes

As novas diretrizes da Opas incluem um algoritmo de laboratório criado para descartar as hepatites virais mais frequentes (A, B, C, D e E) e outras doenças endêmicas da região que podem causar danos ao fígado, como malária, febre amarela e leptospirose.

O adenovírus humano, que geralmente causa infecções gastrointestinais ou respiratórias leves e autolimitadas em crianças, está entre os agentes infecciosos investigados. Por isso, as orientações incorporam sua busca como parte do protocolo de investigação entre as possíveis causas infecciosas.

Uma vez descartadas outras possibilidades, a orientação da Opas sugere considerar testes adicionais, como um painel respiratório, ou para enterobactérias e outros patógenos menos frequentes.

Causas infecciosas

Esse processo de testes escalonados garante um uso racional e custo-efetivo dos recursos dos laboratórios de saúde pública.

O assessor regional da Opas para doenças virais, Jairo Méndez, afirma que essas orientações buscam ajudar a reunir informações para definir qual é a causa mais provável dessa hepatite.

Para ele, as causas podem ser multifatoriais, algo desencadeado em conjunto com outras causas infecciosas, tóxicas ou metabólicas.

Essa hipótese ainda não é conclusiva, por isso ele avalia que é importante analisar os casos prováveis e esclarecer um pouco mais a investigação.

*Com reportagem da Opas