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Legalização de cannabis aumentou o consumo diário, afirma estudo da ONU BR

Legalização de cannabis aumentou o consumo diário, afirma estudo da ONU
Unsplash/David Gabrić
Legalização de cannabis aumentou o consumo diário, afirma estudo da ONU

Legalização de cannabis aumentou o consumo diário, afirma estudo da ONU

Legislação e prevenção de crimes

Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, divulgou análise destacando que uso de drogas subiu em 2020, durante a pandemia; menores de 35 anos são maioria que recebem tratamento por transtornos relacionados com drogas na África e América Latina.

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, divulgou um novo estudo apontando que a legalização da cannabis em algumas partes do mundo parece ter acelerado o consumo diário do produto.

Além disso, o relatório publicado nesta segunda-feira também registrou um aumento de 11% na fabricação de cocaína entre 2019 e 2020, chegando a 1.982 toneladas. O consumo também apresentou alta, registrando um nível recorde de 1.424 toneladas no mesmo período.

Uso de drogas entre adolescentes é problema sério em todo o mundo.
Foto: © UNICEF/Giacomo Pirozzi
Uso de drogas entre adolescentes é problema sério em todo o mundo.

Aumento no consumo de drogas

De acordo com o documento, cerca de 284 milhões pessoas entre 15 e 64 anos consumiram drogas em todo o mundo em 2020, um aumento de 26% em relação à década anterior.

O levantamento também destaca o aumento do consumo entre os jovens, com os níveis atuais em muitos países mais altos do que os registrados na geração anterior.

Na África e na América Latina, os menores de 35 anos representam a maioria das pessoas que receberam tratamento por transtornos relacionados com as drogas.

Na América do Norte, além do aumento do consumo diário, sobre todo entre jovens adultos, também foramregistrados aumentos associados de transtornos psiquiátricos, suicídios e hospitalizações.

Segundo o estudo, a legalização aumento receitas fiscais e, em geral, reduzir a taxa de detenções por posse de cannabis.

Entre 2010 e 2019, o número de pessoas que usam drogas aumentou 22%, devido em parte ao crescimento da população global
Unsplash/Sharon McCutcheon
Entre 2010 e 2019, o número de pessoas que usam drogas aumentou 22%, devido em parte ao crescimento da população global

Drogas injetáveis

O documento estima que, globalmente, 11,2 milhões de pessoas estariam utilizando drogas injetáveis durante o período do estudo.

Cerca de metade desse número estaria vivendo com hepatite C, 1,4 milhão com HIV e 1,2 milhões com as duas doenças.

A diretora executiva do Unodc, Ghada Waly, reagiu ao levantamento afirmando que mesmo durante uma emergência de saúde global, que aumentou as vulnerabilidades, a fabricação e apreensão de drogas ilícitas atingiram níveis recordes.

Ela adicionou que, ao mesmo tempo, percepções errôneas sobre a relevância do problema e os danos associados estão privando as pessoas de cuidados e tratamento e levando os jovens a comportamentos prejudiciais.

Por isso, ela recomenda que sejam dedicados recursos e atenção necessários para abordar todos os aspectos do problema mundial das drogas, incluindo o acesso aos cuidados corretos e melhoraria da base de conhecimento sobre como as drogas ilícitas se relacionam com outros desafios urgentes, como conflitos e degradação ambiental.

Drogas e conflitos

O relatório do Unodc destaca que o mercado de drogas ilícitas pode crescer em situações de conflito e onde o estado de direito é fraco e, por sua vez, pode prolongar ou alimentar conflitos. Informações do Oriente Médio e do Sudeste Asiático sugerem que situações de conflito podem atrair a fabricação de drogas sintéticas, que podem ser produzidas em qualquer lugar.

Esse efeito pode ser maior quando a área de conflito está próxima de grandes mercados consumidores.

Ucrânia

Segundo o Unodc, historicamente as partes em conflito usaram drogas para financiar conflitos e gerar renda.

O documento revela que os conflitos também podem atrapalhar e mudar as rotas do tráfico de drogas, como aconteceu nos Bálcãs e, mais recentemente, na Ucrânia.

Sobre a Ucrânia, o estudo aponta que houve um aumento significativo no número de laboratórios clandestinos relatados no país, disparando de 17 laboratórios desmontados em 2019 para 79 em 2020.

A maioria estava produzindo anfetaminas no ano estudados, contra cinco em 2019. O número é o maior relatados em qualquer país em 2020.

O relatório enfatiza a importância de estimular a comunidade internacional, governos, sociedade civil e todas as partes interessadas a tomar medidas urgentes para proteger as pessoas, inclusive fortalecendo a prevenção e o tratamento do uso de drogas e combatendo o fornecimento de drogas ilícitas.