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Conferência dos Oceanos debate ecossistemas marinhos nesta terça-feira BR

Em evento paralelo, promovido pela Unesco, a poluição marinha também ganhou destaque
Unesco
Em evento paralelo, promovido pela Unesco, a poluição marinha também ganhou destaque

Conferência dos Oceanos debate ecossistemas marinhos nesta terça-feira

Clima e Meio Ambiente

Evento conta com dezenas de chefes de Estado e governo; na abertura, especialistas de vários setores partilharam apelo por fim da poluição dos mares; se nada for feito até 2050, haverá mais plástico que peixes nos oceanos.

A Conferência dos Oceanos entra pelo segundo dia em Lisboa, capital de Portugal, onde chefes de Estado e governo retomam o debate de alto nível sobre uma agenda comum para salvar os mares em todo o mundo.

Na abertura, na segunda-feira, discursaram vários países de língua portuguesa. Em eventos paralelos no Altice Arena, o local do evento, a Unesco entregou à surfista brasileira Maya Gabeira o título de Campeã dos Oceanos. E o fundador da grife Osklen destacou como a indústria da moda pode gerar mudanças.

Os brasileiros Oskar Metsavaht e Maya Gabeira com a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay
Unesco
Os brasileiros Oskar Metsavaht e Maya Gabeira com a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay

Compromisso internacional

Especialistas aproveitaram o momento da abertura para fazer pressão por um compromisso internacional para combater a poluição marinha.

De acordo com o Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, o total de lixo que vai parar nos mares e de poluição causada por plástico está aumentando com rapidez.

Por ano, 8 milhões de lixo plástico são jogados nos oceanos. Sem ação urgente, é possível que o volume de plástico que vai parar nos ecossistemas aquáticos triplique até 2040.

Ator Jason Momoa com jovens defensores dos oceanos em Carcavelos, região de Lisboa.
Foto: UN Photo/Eskinder Debebe
Ator Jason Momoa com jovens defensores dos oceanos em Carcavelos, região de Lisboa.

Ação rápida para limpar os oceanos

Um painel de especialistas discutiu, durante a conferência, a poluição marinha, com a meta de encontrar soluções para o problema. A CEO da Ocean Conservancy, uma ONG baseada no estado americano do Oregon, declarou no evento que “a vida marinha é essencial para a vida que existe acima do nível do mar”.

Janis Searles Jones pediu a redução dos plásticos de uso único e ação rápida para limpar os oceanos.

Em um outro evento paralelo, promovido pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, a poluição marinha também ganhou destaque quando a brasileira Maya Gabeira, duas vezes recordista mundial do Guinness por surfar ondas gigantes, foi nomeada Campeã para o Oceano e Juventude.

Uma das maiores ameaças aos nossos oceanos é a poluição causada pelo homem
© Ocean Image Bank/Sören Funk
Uma das maiores ameaças aos nossos oceanos é a poluição causada pelo homem

Surfando com plástico

Após receber o título da Unesco, Maya Gabeira falou com a ONU News e revelou que o que a assusta de verdade não são as ondas de mais de 22 metros de altura, mas sim encontrar plástico até nas águas de ilhas remotas.

“Em 15 anos como profissional do surf, eu vejo um aumento de plástico em todos os lugares do mundo que eu surfo que me assusta bastante. Eu sempre falo que a mudança mais visível para mim, apesar de eu saber e entender bastante das outras, o plástico é a que visivelmente está em todo o canto.”

Dados mais recentes do Pnuma revelam que o total de plásticos que existe atualmente nos oceanos varia entre 75 a 199 milhões de toneladas. Com o aumento da população mundial, mudanças nos padrões de consumo acabam gerando mais lixo.

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Mudar padrões de comportamento

Para o fundador e diretor artístico da grife Osklen, Oskar Metsavaht, a indústria da moda tem um papel de peso para mudar mentalidades e os padrões da sociedade.

Metsavaht, que também é embaixador da Boa Vontade da Unesco, revelou à ONU News durante a Conferência dos Oceanos, que o desafio é obter tecnologias para reduzir os microplásticos que são liberados dos tecidos quando as roupas são lavadas.

“As tecnologias que se usam, os novos poliésteres, as novas poliamidas etc, a procura ainda de uma tecnologia que evite o despregamento dos microplásticos. E tem todo um processo, o processo de lavagem dos tecidos, das roupas, dos jeans principalmente, aonde o uso de metais pesados na sua conjunção acabam poluindo os lençóis freáticos e também os oceanos.”

Os microplásticos têm menos de 5 mm de diâmetro e estão presentes em vários tipos de tecido. Um dos resultados esperados da Conferência dos Oceanos da ONU é encontrar soluções inovadoras e baseadas na ciência para prevenir, reduzir e eliminar o lixo plástico e a poluição marinha.

*Leda Letra, enviada especial a Lisboa.

 

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