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“Somos responsáveis pelos problemas nos oceanos e precisamos fornecer soluções” BR

Moradores de Watamu, no Quênia, retiram lixo e plástico da praia.
ONU Meio Ambiente/Cyril Villemain
Moradores de Watamu, no Quênia, retiram lixo e plástico da praia.

“Somos responsáveis pelos problemas nos oceanos e precisamos fornecer soluções”

Clima e Meio Ambiente

Declaração é do secretário-geral das Nações Unidas; António Guterres abre em Lisboa, nesta segunda-feira, a Conferência dos Oceanos da ONU, organizada por Portugal e Quênia; governos, sociedade civil e setor privado unidos durante uma semana para apresentar ações que levam ao fim da poluição, da sobrepesca e do branqueamento dos corais.  

Delegações de mais de 130 países estão na capital de Portugal, Lisboa, para participar durante toda a semana da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas

Além dos governos, representantes da ONU, da sociedade civil, do setor privado e cientistas estarão unidos por uma causa comum: reverter os danos causados nos oceanos e na vida marinha. 

Oportunidade  

Lisboa recebe a Conferência dos Oceanos da ONU

Antes da abertura do encontro de alto-nível, o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que nós, seres humanos, “somos os responsáveis pelos problemas dos oceanos, como poluição, pesca excessiva e branqueamento dos corais”.  

Guterres quer soluções para todos esses problemas e segundo ele, a Conferência dos Oceanos é uma oportunidade para “mostrar compromisso real com uma economia azul sustentável”.  

Lixo plástico  

Limpeza em praia na cidade de Ubatuba, SP, Brasil.
Parley/Pato Vacc
Limpeza em praia na cidade de Ubatuba, SP, Brasil.

Segundo a ONU, os oceanos cobrem 70% da superfície da Terra e  concentram “cerca de 80% de toda a vida terrestre”, além de “gerar 50% do oxigênio que necessitamos e absorverem 25% de todas as emissões de dióxido de carbono”. 

Em retribuição, os seres humanos depositam, por ano, mais de 11 milhões de toneladas de plásticos nos oceanos, como destaca o ministro da Economia e do Mar de Portugal. Ao ser entrevistado pela ONU News em Lisboa, António Costa Silva lamentou esta deterioração.  

“Como sabemos, o estado em que os oceanos se encontram é um estado que é muito mal. Nós temos tido a deterioração do sistema oceânico do nosso planeta e continuamos todos os anos a depositar mais de 11 milhões de toneladas de plástico no oceano, temos muitos dos ecossistemas que estão ameaçados. Portanto, eu espero muito por essa conferência, para que ela possa arredondar num plano de ação global, que depois pode ser declinado regionalmente a nível dos vários países, das várias plataformas que têm de ser mobilizadas.” 

Além da poluição dos mares, a pesca excessiva é um problema que precisa ser combatido em todos os continentes. O ministro do Mar de Cabo Verde também falou com a ONU News antes de embarcar para Lisboa. 

Segundo Abraão Vicente, o setor da pesca também é responsável pela poluição marinha.  

Expectativa  

Ministro do Mar de Cabo Verde fala sobre Conferência dos Oceanos

“O principal poluidor dos oceanos é a grande indústria das pescas. Se as Nações Unidas fugirem desse aspeto e se os grandes países fugirem desse aspeto, temos um problema. Quem mais polui com redes de plástico, quem mais estraga os oceanos com o depósito em alto mar de grandes quantidades de combustíveis, de lixo produzido pelos navios industriais, é a indústria da pesca. Se fugirmos disso nesta cimeira, estamos a ser pouco sérios.” 

O ministro lembra que o arquipélago de Cabo Verde depende totalmente do mar. O país deve apresentar no encontro um plano para garantir a sustentabilidade da pesca.  

A sessão de alto nível da Conferência dos Oceanos da ONU começa às 10h na Altice Arena, no Parque das Nações, em Lisboa. Além dos discursos de chefes de Estado, de governo e de ministros, ocorrem em simultâneo mais de 200 eventos paralelos com setor privado, sociedade civil e cientistas. 

Até sexta-feira, último dia do encontro, os países-membros das Nações Unidas assinarão uma declaração com uma série de medidas que deverão ser tomadas para reverter a degradação dos oceanos.  

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