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Cortes de até 50% nas porções de comida prejudicam refugiados no leste da África BR

PMA distribui biscoitos altamente energéticos para refugiados da Etiópia no Sudão do Sul
©WFP
PMA distribui biscoitos altamente energéticos para refugiados da Etiópia no Sudão do Sul

Cortes de até 50% nas porções de comida prejudicam refugiados no leste da África

Migrantes e refugiados

Programa Mundial de Alimentos destaca situação complicada para civis na Etiópia, Quênia, Sudão do Sul e Uganda; se doadores não ampliarem financiamento, haverá cortes também para refugiados em Angola e em Moçambique.

No Dia Mundial do Refugiado, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, faz um alerta: cortes de até 50% nas porções de comida já são realidade para três quartos dos refugiados apoiados pela agência no leste da África.

Os mais afetados são os que estão na Etiópia, no Quênia, no Sudão do Sul e no Uganda. O PMA está lidando com a falta de financiamento para as suas operações num momento em que a fome atingiu o nível mais alto em uma década.

Angola e Moçambique

Mercado em Luanda, Angola
FAO/ C. Marinheiro
Mercado em Luanda, Angola

A agência também já reduziu as porções para refugiados vivendo em Burkina Fasso, Camarões, Chade, Mauritânea e Níger. Por ano, o PMA atende 500 mil refugiados no sul da África. Apesar “da generosidade dos doares, não há dinheiro suficiente para as necessidades básicas de famílias refugiadas”.

Com isso, o PMA prevê cortes nas operações também em Angola, Malauí, Moçambique, Congo, Tanzânia e Zimbábue. O diretor-executivo do PMA, David Beasley, declarou que “a fome global está além dos recursos disponíveis para alimentar todas as famílias que precisam desesperadamente da ajuda” da agência.

Decisão difícil

David Beasley é diretor do PMA.
PMA/Ziad Rizkallah
David Beasley é diretor do PMA.

Segundo Beasley, a decisão de reduzir as porções de alimentos para os refugiados “é de partir o coração”, especialmente porquê muitas dessas pessoas “dependem do PMA para sobreviver”.

O chefe da agência teme que se o financiamento não chegar com urgência, muitos refugiados que já enfrentam fome “serão forçados a pagar o preço com suas vidas”. Dados da Agência da ONU para Refugiados, Acnur, mostram que 67% dos refugiados e dos requerentes de asilo saíram de países que enfrentam crise alimentar.

No ano passado, o PMA conseguiu prestar assistência a 10 milhões de refugiados em todo o mundo.