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Deslocamento global atinge novo recorde de 100 milhões de pessoas BR

Refugiados do Burundi que agora vivem na RD Congo.
Foto: © UNHCR/Antonia Vadala
Refugiados do Burundi que agora vivem na RD Congo.

Deslocamento global atinge novo recorde de 100 milhões de pessoas

Migrantes e refugiados

Agência da ONU para Refugiados explica que número é o dobro do registrado há 10 anos; invasão russa à Ucrânia, emergências na África e crise no Afeganistão na lista de situações que tem levado pessoas a abandonarem suas casas.  

O número de pessoas que se viram obrigadas a abandonar suas casas e buscar segurança em outro local duplicou nos últimos 10 anos. A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, divulgou nesta quinta-feira o relatório Tendências Globais, mostrando que até o final de 2021, o mundo tinha 89,3 milhões de deslocados.  

Desde então, a invasão russa à Ucrânia, que causou o maior fluxo de deslocamento desde a Segunda Guerra Mundial, emergências na África e crise no Afeganistão fizeram com que o total de pessoas desalojadas batesse a marca de 100 milhões.  

Tragédia Humana  

O Acnur acredita que a tendência só será revertida com um novo impulso em prol da paz. O alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, declarou que “a comunidade internacional precisa agir para resolver essa tragédia humana, para resolver os conflitos e para encontrar soluções duradouras.” 

O ano passado foi, segundo a agência, “notável pelo número de conflitos que escalaram e por novos confrontos que surgiram; 23 países, que juntos tem uma população de 850 milhões, enfrentam conflitos de intensidade média ou alta”.  

Crises climática e de alimentos  

Ghinwa, de sete anos, e o irmão Alaa, de 11 anos, vivem no assentamento informal de Al-Khamisa, em Homs
UNICEF
Ghinwa, de sete anos, e o irmão Alaa, de 11 anos, vivem no assentamento informal de Al-Khamisa, em Homs

Escassez de alimentos, inflação e crise climática também são situações que causam fluxo de deslocados.  

Especificamente sobre os refugiados, o relatório destaca aumento em 2021, levando a um total de 27,1 milhões. Uganda, Chade e Sudão estão entre os países que mais receberam refugiados no ano passado. Houve alta de 11% nos requerentes de asilo, chegando a 4,6 milhões.  

O Acnur revela que 2021 também foi o 15˚ ano consecutivo de aumento das pessoas deslocadas devido a conflitos, chegando a 53,2 milhões. A agência menciona a situação em países como Mianmar, Etiópia, especificamente em Tigray e região do Sahel africano.  

Em Moçambique, foram quase 75 mil novos deslocados, especialmente devido à situação em Cabo Delgado.  

A Turquia é o país que mais abriga refugiados no mundo: 3,8 milhões, seguida por Uganda, Paquistão e Alemanha. A Colômbia recebeu mais de 1,8 milhão de venezuelanos.  

Asilo  

Palma foi afetada pela insegurança em Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
© PMA/Grant Lee Neuenburg
Palma foi afetada pela insegurança em Cabo Delgado, no norte de Moçambique.

Até dezembro, mais de dois terços dos refugiados (69%) haviam saído de apenas cinco países: Síria (6,8 milhões), Venezuela (4,6 milhões), Afeganistão (2,7 milhões), Sudão do Sul (2,4 milhões) e Mianmar (1,2 milhão).  

Sobre os pedidos de asilo, o Acnur destaca que foram submetidos 1,4 milhão de novos requerimentos. A maioria dos candidatos foi registrada nos Estados Unidos, na Alemanha, no México, na Costa Rica e na França.