“A guerra na Ucrânia é um ataque a nossos valores fundamentais”
Embaixadora de Portugal nas Nações Unidas, Ana Paula Zacarias, falou sobre a guerra às vésperas de o conflito completar 100 dias; a diplomata lembrou que 1,7 bilhão de pessoas correm risco de insegurança alimentar por causa dos combates em um dos maiores celeiros do mundo.
Portugal reiterou seu apoio à Ucrânia e aos milhões de refugiados do país, que escapam do conflito iniciado em 24 de fevereiro após o ataque da Rússia ao território ucraniano.
Para a embaixadora de Portugal nas Nações Unidas, a guerra na Ucrânia é também um ataque aos valores de paz da Europa.
Construção e prosperidade
Ana Paula Zacarias falou à ONU News às vésperas do conflito completar 100 dias em 3 de junho.
“Nós sabemos que há conflitos tão duros e tão difíceis quanto este, noutras geografias, noutras latitudes que também merecem e têm que ter a necessária atenção da parte da comunidade internacional. Mas este é talvez o mais recente e talvez o que mais nos impacta e que foi visto pela Europa como basicamente um ataque àquilo que são os nossos valores fundamentais. Nós, na União Europeia, sempre nos vemos como um círculo de paz, e de construção de prosperidade. E, portanto, foi muito difícil encarar esta agressão.”
Segundo as Nações Unidas, em 100 dias desde o ataque da Rússia, 14 milhões de pessoas na Ucrânia foram forçadas a deixar suas casas.
O coordenador da ONU para a Crise na Ucrânia, Amin Awad, reforçou o apelo do secretário-geral pelo fim do conflito. Ele diz que as agências humanitárias já estão preocupadas com o fornecimento da assistência durante o inverno.
Juntas, Rússia e Ucrânia são responsáveis por mais de 30% da produção agrícola mundial.
Em Nova Iorque, a embaixadora de Portugal, Ana Paula Zacarias, alertou sobre os riscos de uma crise alimentar mundial.
“Há toda uma produção cerealífera, que é fundamental, que seja distribuída e comercializada, e que não pode fazer, que não está a acontecer, e que o secretário-geral, e muito bem, está a tentar a desbloquear com a ajuda de outros países para assegurar, se possível, um corredor seguro para a saída desses bens alimentares. Corre-se o risco de 1,7 mil milhão de pessoas ficarem em situação de pobreza, em situação de risco alimentar profundo. E, portanto, esta é uma das prioridades do secretário-geral neste momento, que todos nós apoiamos.”
A embaixadora de Portugal falou à ONU News sobre suas prioridades no cargo e sobre a expectativa para a Conferência dos Oceanos, em Lisboa, entre outros temas.