Civis totalizam 90% das vítimas de explosivos em áreas urbanas
Estudo mostra 143 incidentes de segurança e morte de 93 trabalhadores humanitários em 2021; conflito na Ucrânia fez disparar preços dos alimentos básicos ameaçando os mais pobres.
A ONU acolhe um debate aberto do Conselho de Segurança sobre a Proteção de Civis em Conflitos Armados.
O Escritório da ONU para os Assuntos Humanitários, Ocha, revelou que confrontos em áreas densamente povoadas aumentaram, de forma acentuada, os riscos de morte e ferimentos no grupo.
Sofrimento
Os civis totalizaram cerca de 90% das vítimas em situações com armas explosivas nessas áreas, em comparação com 10% em outras lugares.
Além do conflito, a pandemia intensificou o sofrimento humano e prejudicou ainda mais a oferta de serviços de saúde já debilitados.
Estima-se que 3 bilhões de pessoas não tenham sido vacinadas. Muitas vivem em áreas onde conflitos limitam serviços de saúde e a confiança pública.
O diretor da Divisão de Coordenação do Ocha, Ramesh Rajasingham, revelou que pelo menos 143 incidentes de segurança ocorreram em 14 países e territórios afetados por conflitos.
Nestas situações, 93 trabalhadores humanitários morreram. Os funcionários nacionais totalizam 98% do total de mortos, feridos ou raptados.
Ucrânia
Este ano, a situação na Ucrânia mostra que o cenário está longe de melhorar ao ter provocado 8.089 mortos e feridos. Pelo menos 3.811 faleceram desde 24 de fevereiro, informou a ONU.
Escolas hospitais, residências e instituições que oferecem serviços básicos para civis continuam sendo os principais alvos da violência.
Um relatório do secretário-geral cita situações em que o uso de armas explosivas aumentou os riscos de morte e ferimentos para civis.
O preço dos alimentos básicos subiu pelo menos 30%, ameaçando os mais pobres e agravando a situação em áreas de conflito na África e no Oriente Médio.
Desinformação
De acordo com a organização, a situação “planta as sementes da instabilidade e agitação política” pelo mundo.
A desinformação também ameaça a ação humanitária, com falsas narrativas divulgadas nas redes sociais.
O diretor-geral do Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que esta é uma preocupação que se adiciona ao cenário de ataques em áreas urbanas e coloca em perigo os trabalhadores do setor e aos civis.
Crises
Apesar de avanços em algumas medidas preventivas, Robert Mardinistragos disse que ataques a civis continuam causando mortes de uma forma indiscriminada e desproporcional.
Ele declarou ter esperança na humanidade comum e que a situação melhore com as decisões do órgão.
De acordo com a ONU, em 2021 houve cerca de 140 milhões de pessoas enfrentando crises ou níveis piores de insegurança alimentar aguda em 24 países. O aumento foi de 41% em relação ao ano anterior.
O conflito e a insegurança desempenharam um papel importante no aumento da fome.