Boina-azul do Zimbábue vai receber o Prêmio de Defensora Militar da Igualdade de Gênero
Chefe da ONU diz que major Winnet Zharar evidenciou papel inestimável de mulheres em missões de paz; ela serviu como observadora militar na Missão de Paz das Nações Unidas no Sudão do Sul, Unmiss.
A boina-azul Winnet Zharare, do Zimbábue, é o Prêmio de Defensora Militar da Igualdade de Gênero 2021.
Ela serviu como observadora militar na Missão da ONU no Sudão do Sul, Unmiss, entre 2021 e este ano.
Comandantes
Criado em 2016, o reconhecimento é atribuído pela “dedicação e o esforço de um militar individual de manutenção da paz individual na promoção dos princípios da Resolução de Segurança 1325 da ONU sobre mulheres, paz e segurança”.
Com a patente de major, Zharare receberá o prêmio das mãos do secretário-geral António Guterres, nesta quinta-feira, numa cerimônia antecipada para marcar o Dia Internacional dos Boinas-Azuis, que é celebrado em 29 de maio.
A distinção já foi atribuída a duas brasileiras. A capitão-de-corveta Márcia Braga, em 2018, e à comandante Carla Monteiro de Castro Araújo, em 2019. Naquele ano, o prêmio foi partilhado com a major indiana Suman Gawani. Em 2020 foi a vez da queniana Steplyne Nyaboga.
A indicação dos candidatos ao prêmio é feita por chefes e comandantes das Forças de Operações de Paz das Nações Unidas.
Confiança
Pela atribuição do prêmio neste ano, António Guterres elogiou Winnet Zharare por ser um modelo e pioneira em suas funções.
Guterres destaca o serviço dela e o papel inestimável de mulheres “na construção da confiança, defendendo mudanças e forjando a paz”.
O secretário-geral ressalta ainda que esse exemplo mostra como todos ganham com mais mulheres na tomada de decisões e a paridade de gênero nas operações de paz.
Já Zharare expressou gratidão e orgulho por ter sido selecionada para receber o prêmio que “motiva a manter seu curso em direção à igualdade de gênero”.
Oportunidades
A militar contou que os pais ofereceram oportunidades iguais a ela e aos irmãos, daí a crença de que oportunidades iguais a ambos os gêneros em todos os aspectos da vida.
O vínculo de Zharare com a Unmiss começou em novembro de 2020. Foi 14 anos após iniciar sua carreira militar como tenente.
Por 17 meses atuando na operação de paz ela defendeu a paridade de gênero e a participação das mulheres nas fileiras, entre militares locais e comunidades anfitriãs.
Ela foi diretora para Informações Militares no escritório localizado na cidade de Bentiu. Também esteve a cargo do treinamento e foi ponto focal de gênero.
Questões
De acordo com a ONU, nessas funções a premiada “ajudou a garantir que as patrulhas incluíssem mulheres e homens para melhorar os esforços de proteção, bem como construir confiança entre as comunidades anfitriãs e a missão”.
Esses esforços também contribuíram para um aumento nos dados agregados por gênero para que questões levantadas por mulheres e meninas ganhassem a devida atenção em nível local.
Com o envolvimento de tomada de decisões, ela encorajou as autoridades civis e militares locais e representantes da comunidade a envolver homens e mulheres em reuniões com as Nações Unidas.
Com sua atuação e habilidades diplomáticas geraram procura sistemática pelos comandantes m questões relacionadas à proteção e direitos das mulheres.
Em iniciativas comunitárias, Winnet Zharare incentivou a atuação de indivíduos de ambos os sexos na agricultura e na construção de diques ao redor de Bentiu para aliviar a escassez de alimentos e evitar novos deslocamentos.
Em 2009, a boina-azul passou a integrar o corpo de logística e completou a formação no Estado-Maior.