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Sahel está perto de recorde de sete anos de casos de pessoas com fome BR

Desnutrição pode afetar  7,7 milhões de crianças menores de cinco anos no Sahel
UN Photo/Eskinder Debebe
Desnutrição pode afetar  7,7 milhões de crianças menores de cinco anos no Sahel

Sahel está perto de recorde de sete anos de casos de pessoas com fome

Ajuda humanitária

Burquina Fasso, Chade, Mali e Níger próximos de registrar níveis de emergência; situação nos quatro países ameaça 1,7 milhão de pessoas; efeitos da guerra na Ucrânia podem levar a desastre humanitário na área africana.

Até 18 milhões de pessoas enfrentarão grave insegurança alimentar no próximo trimestre na região africana do Sahel.

Nesta sexta-feira, o Escritório das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Ocha, alertou que o número é o mais alto desde 2014.

Famílias

Prevê-se que a situação da desnutrição afete  7,7 milhões de crianças menores de cinco anos. No momento, existem 1,8 milhão em estado grave.

O Ocha alerta que esse número pode chegar a 2,4 milhões se não houver mais ajuda até o final do ano.

 Amarcia é uma das 1,5 milhões de pessoas que foram deslocadas no Níger devido ao conflito na região central do Sahel
OIM/Monica Chiriac
Amarcia é uma das 1,5 milhões de pessoas que foram deslocadas no Níger devido ao conflito na região central do Sahel

 

O subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, advertiu sobre o cenário onde “famílias inteiras estão à beira da fome”.

O também coordenador da Ajuda de Emergência  apontou como motivos a combinação de violência, insegurança, pobreza profunda e preços recordes de alimentos que acentuam a desnutrição e levam milhões de habitantes à margem da sobrevivência.

A alta de preços dos alimentos é impulsionada pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia. A situação ameaça transformar a crise de segurança alimentar em um desastre humanitário.

Escassez

O chefe humanitário disse que se o mundo não agir agora, as pessoas perecerão.

Entre as imensas necessidades básicas no Sahel estão abrigo, água, saneamento e saúde.
Foto Ocha/ Giles Clarke
Entre as imensas necessidades básicas no Sahel estão abrigo, água, saneamento e saúde.

 

A situação é alarmante em Burquina Fasso, Chade, Mali e Níger. Cerca de 1,7 milhão de pessoas devem  atingir emergência em insegurança alimentar na época de escassez entre junho e agosto.

A etapa é caraterizada por  “grandes lacunas” no consumo de alimentos, altos níveis de desnutrição aguda e mortes associadas.

Nessa realidade, as famílias são forçadas a vender, por exemplo, suas ferramentas agrícolas e outros bens necessários para o sustento e sobrevivência.

O Fundo Central de resposta de Emergência colocou US$ 30 milhões para  ajudar a atender às necessidades mais urgentes de segurança alimentar e nutrição.

Comunidades resilientes

O valor faz subir para US$ 95 milhões o montante concedido ao Sahel desde o início do ano, incluindo a Mauritânia e Nigéria.  

Griffiths alertou que “não há tempo a perder” diante de uma realidade em que “vidas estão em jogo”.

O chefe humanitário destacou que o montante liberado pode apoiar, mas não  substitui o apoio de doadores que é necessário para manter a resposta e ajudar a construir comunidades resilientes.

Para 2022, a região requer um total de US$ 3,8 bilhões para garantir a entrega de ajuda.

Pastores guiam seus rebanhos no Niger, no Sahel
FAO/Giulio Napolitano
Pastores guiam seus rebanhos no Niger, no Sahel