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Total de deslocados no mundo atinge recorde de 59,1 milhões  BR

Estima-se que os números globais de deslocados cresçam  ainda mais em 2022
© OCHA
Estima-se que os números globais de deslocados cresçam ainda mais em 2022

Total de deslocados no mundo atinge recorde de 59,1 milhões 

Migrantes e refugiados

Relatório Global sobre Deslocamento Interno de 2021 alerta que Guerra na Ucrânia pode levar a novo pico este ano; Brasil é o nono país com maior número de deslocados por desastres naturais; análise inclui  ainda dados de Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Portugal.

O número de deslocados em seu próprio país em 2021 chegou ao recorde de 59,1 milhões. Conflitos e desastres naturais ocorridos no período forçaram 38 milhões de pessoas a deixar suas casas.

Os dados foram publicados esta quinta-feira no Relatório Global sobre Deslocamento Interno. A parceria apoiada pela ONU envolve o Centro de Monitoramento do Deslocamento Interno e o Conselho Norueguês de Refugiados, NRC.

Ucrânia 

A previsão é que 2022 tenha um novo recorde de deslocados em meio a movimentações em massa na Ucrânia. A situação já desalojou mais de 8 milhões de pessoas no país desde a invasão da Rússia em 24 de fevereiro. Mais de 6 milhões buscam refúgio além-fronteiras.

Metade dos deslocados no planeta são mulheres e meninas
UNHCR/Abdul Bari Delawery
Metade dos deslocados no planeta são mulheres e meninas

 

O Brasil está em 9º lugar global de deslocados por desastres naturais. Foram  449 mil pessoas que deixaram seus lares durante todo o ano passado. 

China lidera o grupo de nações, seguida por Vietnã, Índia, Estados Unidos, Filipinas, Indonésia, República Democrática do Congo e Sudão do Sul.

As enchentes no Brasil geraram 91% do total de deslocados, sendo que 170 mil foram registrados no que é considerado o dezembro mais úmido dos últimos 15 anos. 

A situação no estado da Bahia vem descrita no documento pelos deslocamentos em massa e por mais de 4,6 mil casas destruídas que levaram vários municípios a decretar emergência. 

Violência 

Nesses eventos foram perdidos meios de subsistência de comunidades já desprovidas, incluindo o acesso a alimentos e à água potável. Houve ainda um registro de deslocamentos causados por incêndios florestais e por disputas de terras. A violência levou à movimentação de 21 mil brasileiros. 

Deslocados internos em um centro de recepção em Zaporizhzhia, na Ucrânia
UNICEF/Kate Klochko
Deslocados internos em um centro de recepção em Zaporizhzhia, na Ucrânia

 

Já a violência e o conflito em Moçambique levaram 187 mil pessoas a deixar suas áreas de origem, fechando o ano com um total de 735 mil. Outros 44 mil moçambicanos foram vítimas de desastres, no que elevou o total do período em análise para 138 mil.

Causas naturais

Em Angola, os desastres naturais deslocaram  22 mil pessoas e o ano terminou com pouco menos de um terço deles ainda nessa situação. 

São Tomé e Príncipe teve um total de 500 deslocados por causas naturais. 

Em Portugal houve 20 pessoas fora dos lares após eventos extremos durante 2022.

Já em Timor-Leste, o tipo de fenômeno  obrigou 16 mil pessoas a deixar as áreas de origem.

Com mais 4 milhões de deslocados em todo o mundo, 2021 superou o total do ano anterior que era o mais alto na década em termos de deslocados. O principal fator foram os desastres naturais. 

Estima-se que os números globais cresçam  ainda mais este ano, principalmente com a guerra em curso na Ucrânia.
 

Deslocados fogem da violência em Abyei, Sudão do Sul
© Ocha/Dan De Lorenzo
Deslocados fogem da violência em Abyei, Sudão do Sul