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ONU realiza primeira análise da aplicação do Pacto Global sobre Migrações BR

Mais de 740 pessoas morreram cruzando fronteiras europeias desde 2014
SOS Méditerranée/Anthony Jean
Mais de 740 pessoas morreram cruzando fronteiras europeias desde 2014

ONU realiza primeira análise da aplicação do Pacto Global sobre Migrações

Migrantes e refugiados

Evento reúne Estados-membros para avaliar implementação do Pacto Global sobre Migração Segura, Ordenada e Regular, adotado em 2018; secretário-geral afirmou que ações em favor de migrantes pode ajudar no avanço dos ODS; presidente da Assembleia Geral ressalta que migrantes somam 3,5% da população mundial; chefe da OIM destaca xenofobia.

A Assembleia Geral recebeu nesta quinta-feira o primeiro Fórum de Revisão de Migração Internacional. O debate que vai até 20 de maio é a principal plataforma global intergovernamental para os Estados Membros avaliarem a implementação do Pacto Global para Segurança e Ordem e Migração Regular, lançado em 2018.

Participam o diretor-geral da Organização Internacional para Migrações, António Vitorino, o presidente da Assembleia Geral, Abdulla Shahid, e o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Guterres recomenda ainda o investimento nas pessoas dando primazia à educação
UN Photo/Eskinder Debebe
Guterres recomenda ainda o investimento nas pessoas dando primazia à educação

Ação para migrações seguras

Ao lembrar que milhares morrem anualmente em busca de oportunidades para uma vida melhor, Guterres afirmou que mais deve ser feito para assegurar os direitos humanos dessas pessoas.

Ele ressaltou que 80% dos movimentos migratórios no mundo são realizados de forma segura e ordenada, mas alertou que a migração não regulada fortalece o tráfico de pessoas e impacta especialmente mulheres e crianças.

Para Guterres, ações a favor dos migrantes podem avançar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e a recepção de migrantes pode contribuir com a falta de mão de obra em alguns países.

Segundo Guterres, o compromisso representa a determinação da comunidade internacional de colocar esses valores em prática em um espírito de solidariedade e parceria.

Abdulla Shahid é presidente da Assembleia Geral da ONU.
Foto: UN News
Abdulla Shahid é presidente da Assembleia Geral da ONU.

Desafios globais

Já o presidente da Assembleia Geral da ONU, Abdulla Shahid, destacou que os desafios globais continuam a afetar tanto os padrões de migração quanto as condições de vida dos migrantes.

Segundo Shahid, já são 281 milhões de migrantes internacionais, o que representa 3,5% da população mundial.

O presidente da Assembleia Geral citou os diversos motivos que levam pessoas a deixarem seus países de origem, desde a busca por oportunidades trabalho até tentativa de fugir de conflitos, pobreza e violência.

Ele adicionou que muitos também se veem forçados a deixar suas casas pela crescente degradação ambiental e mudanças climáticas.

Shahid e Guterres também falaram da pandemia, reforçando que a crise sanitária escancarou as lacunas na busca de uma governança baseada em direitos e que atenda às necessidades dos mais vulneráveis.

ONU e avanços sobre migrações globais

Xenofobia

Em seu discurso, António Vitorino, que além de líder da OIM também está à frente da rede nas Nações Unidas para Migrações, afirmou que o trabalho realizado pela organização deve fazer as pessoas deixarem de ter medo dos migrantes.

Segundo dados apresentados por Vitorino, 30% de jovens entre 22 e 29 anos afirmam observar o aumento da discriminação contra migrantes.

Ele adicionou que os migrantes devem ser celebrados como “membros vitais para sociedades ricas e prósperas”.

Para Vitorino, o sucesso nas ações para migrações precisa de cooperação. Ele destacou que embora o Pacto tenha alcançado avanços, ainda há muito trabalho pela frente para evitar mortes e proporcionar mais oportunidades justas aos migrantes.