Perspectiva Global Reportagens Humanas

Reino Unido faz alerta à OMS sobre caso raro de varíola dos macacos BR

A varíola dos macacos é uma doença silvestre com infecções humanas bem acidentais
ONU
A varíola dos macacos é uma doença silvestre com infecções humanas bem acidentais

Reino Unido faz alerta à OMS sobre caso raro de varíola dos macacos

Saúde

Organização Mundial da Saúde informou que doença foi diagnosticada numa pessoa que viajou para a Nigéria e retornou; paciente foi imediatamente colocado em isolamento para evitar novas contaminações. 

Um caso raro de varíola dos macacos foi notificado pelo Reino Unido numa pessoa que visitou a Nigéria, na África, e depois voltou à casa. A informação foi enviada à Organização Mundial da Saúde, em 7 de maio. 

A pessoa, cujo nome não foi divulgado, registrou o que pensou ser apenas uma irritação cutânea em 29 de abril. Dias depois, essa mesma pessoa passou pelos estados de Lagos e Delta, na Nigéria. Em 4 de maio, foi feito o retorno para o Reino Unido, quando já foi dada entrada no hospital britânico. 

Exames de laboratório 

Cientista testa amostras em um laboratório em Serra Leoa
OMS
Cientista testa amostras em um laboratório em Serra Leoa

A OMS informou que por causa do histórico de viagem e dos sintomas apresentados, os médicos desconfiaram que poderia ser um caso de varíola dos macacos e agiram rapidamente isolando o ou a paciente. Os exames de laboratório confirmaram a suspeita, em 6 de maio, pela Agência de Segurança da Saúde britânica. 

Cinco dias depois, foi iniciado um rastreamento das pessoas que tiveram em contato com o paciente tanto nas instalações de saúde, como nos locais visitados e também no mesmo voo da Nigéria para o Reino Unido. Mas ninguém apresentou sinais da doença até agora. 

Desde que a pessoa entrou em isolamento, o risco de transmissão passou a ser mínimo. Mas como a fonte de contaminação na Nigéria ainda não foi estabelecida, existe a chance de que outras pessoas possam ser infectadas no futuro. 

Florestas 

Macaco na floresta Amazônica do Equador
Foto: Unsplash/Andres Medina
Macaco na floresta Amazônica do Equador

A varíola dos macacos é uma doença silvestre com infecções humanas bem acidentais, que ocasionalmente ocorrem, mas em partes de florestas do oeste e do centro da África. 

O vírus pertence à família do ortopoxvírus. A doença pode ser transmitida pelo contato com as fezes do animal. O período de incubação é de seis a 13 dias, mas pode ser alterado para cinco a 21 dias. A varíola dos macacos geralmente acaba num período de duas a três semanas. 

Em alguns casos, os sintomas podem ser leves ou severos, mas as lesões costumam ser dolorosas e as pessoas têm muita coceira. O reservatório animal permanece desconhecido, mas calcula-se que seja entre roedores. 

Os fatores de risco são os contatos com animais mortos através de atividades como caça ou consumo de carne de caça. 

Crianças e bebês 

OMS alerta para riscos em crianças
Pnud/Danielle Villasana
OMS alerta para riscos em crianças

Existem duas classes do vírus da varíola dos macacos. Uma da África Ocidental e outra da Bacia do Congo, que fica na África Central. Essa última classe pode ser mais agressiva em certos pacientes.  

Segundo a OMS, a taxa de casos fatais para o tipo de varíola dos macacos no oeste africano é de 1%. Mas no caso da classe da Bacia do Congo, a possibilidade de morte pode chegar até 10%.  

As crianças também estão sob maior risco, e a varíola dos macacos durante a gravidez pode levar a complicações, doença congênita ou levar à morte do bebê. 

Os casos mais suaves podem passar despercebidos e ser um risco para a transmissão de pessoa para pessoa. Existe uma pequena probabilidade de baixa imunidade para a doença naqueles que viajam e que foram expostos à doença no oeste e no centro da África. E ainda que exista uma vacina aprovada contra a varíola dos macacos, e que a imunização contra a varíola normal ajude a proteger, as doses não estão disponíveis com facilidade em todo o mundo.  

Vacinas não estão à disposição de todos 

Um outro problema: pessoas abaixo de 40 ou 50 anos não têm mais a proteção obtida com os programas anteriores de vacina para a varíola. 

A OMS informou que após ser detectado o caso, o Reino Unido montou uma equipe de gerenciamento do incidente para fazer o rastreamento dos contatos do indivíduo contaminado. 

Ninguém apresentou sintomas até agora, mas todos estão sendo observados por 21 dias após a exposição. Está sendo oferecida vacina a quem teve contato com a pessoa infectada. 

As autoridades na Nigéria foram informadas do caso.  

Nigéria tem casos em 32 estados 

Segundo a OMS, já houve sete casos de varíola dos macacos no Reino Unido. Todos têm ligação de viagem com a Nigéria. No ano passado, houve dois casos separados nos Estados Unidos, de origem nigeriana. 

Desde 2017, a Nigéria tem notificado infecções deste topo. Até 30 de abril deste ano foram 558 registros de suspeitas em 32 estados nigerianos. 

A OMS pede que todos os casos sejam notificados e que as pessoas contaminadas entrem em isolamento imediato. 

A agência da ONU não recomenda nenhuma restrição de viagem ou negócios entre a Nigéria e o Reino Unido neste momento.