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Síria precisa de ajuda humanitária de US$ 10,5 bilhões BR

O assentamento informal de Salhabiya, na zona rural de Raqqa, nordeste da Síria, abriga muitas famílias deslocadas.
© UNICEF/DelilSouleiman
O assentamento informal de Salhabiya, na zona rural de Raqqa, nordeste da Síria, abriga muitas famílias deslocadas.

Síria precisa de ajuda humanitária de US$ 10,5 bilhões

Paz e segurança

Em conferência internacional, agências da ONU afirmam que ajuda é necessária para apoiar deslocados e refugiados sírios; conflito está “longe de uma solução política”, segundo enviado especial; insegurança alimentar já atinge 12 milhões de pessoas.

As Nações Unidas fazem um apelo para seguir apoiando a população síria, que vive num país em guerra desde março de 2011. O enviado especial da ONU para a Síria, Geir O. Pedersen, afirmou que a situação está “longe de uma solução política”.

Numa conferência sobre o país, em Bruxelas, Pedersen lembrou que mais de 90% dos sírios vivem na pobreza. A ONU reforça que a população está “pagando o preço” das disputas na região e que as necessidades são maiores do que nunca, mesmo quando o conflito diminui de intensidade.

Mercado Alhamadiya em Damasco
UN Photo/Nabil Midani
Mercado Alhamadiya em Damasco

Apelo humanitário

O Escritório da ONU para Assistência Humanitária, Ocha, afirma que uma ajuda de US$ 10,5 bilhões é necessária este ano. Isso inclui US$ 4,4 bilhões para a resposta dentro da Síria e outros US$ 6,1 bilhões para apoiar refugiados e comunidades anfitriãs na região.

Para o coordenador humanitário, Martin Griffiths, esse é o maior pedido para Síria desde o início da crise. Segundo ele, o valor ainda fica aquém da situação de necessidade no país.

Além de financiamento, ele reforçou que é necessário acesso aos locais mais afetados.

O coordenador humanitário disse que as operações atingiram uma média de 7,3 milhões de pessoas por mês no ano passado, o que representa apenas metade dos necessitados.

Para ele, isso é um sinal do fracasso, apesar de esforços e o financiamento ao Plano de Resposta Humanitária ter alcançado 47% em 2021.

Mulher leva sua neta de oito meses para uma consulta em Hama, zona rural da Síria.
Foto: © UNICEF/Aldroubi
Mulher leva sua neta de oito meses para uma consulta em Hama, zona rural da Síria.

Conferência em Bruxelas

A Conferência sobre Síria e região, em Bruxelas, na Bélgica, é o sexto evento para arrecadar fundos.

Além da insegurança alimentar ter atingido novos recordes, com 12 milhões de pessoas passando fome todos os dias, a exposição potencial a munições explosivas permanece alta, com um em cada dois em risco.

Entre as crianças, os levantamentos da ONU apontam que pelo menos uma em cada duas crianças sírias está fora da escola e vulnerável ao trabalho infantil, casamentos precoces e forçados, tráfico e recrutamento por grupos armados.

Além do apelo do Ocha, liderado pelo coordenador humanitário Martin Griffiths, o líder do Acnur, Filippo Grandi, e do Pnud, Achim Steiner, também se unem ao apelo, observando que embora a comunidade internacional venha demonstrando generosidade desde o início do conflito, mais investimentos são necessários na recuperação do país e para a assistência humanitária.

Além de mais de uma década em conflito e do aprofundamento da crise econômica, outros fatores como deslocamento contínuo e os choques climáticos danificaram grande parte da infraestrutura do país.

11 anos de guerra na Síria

Desenvolvimento regional

O administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, Achim Steiner, agradeceu aos países vizinhos da Síria pelo acolhimento aos refugiados, mas lembrou que muitos desses países passam por situações desafiadoras.

Ele citou o exemplo do Líbano, onde nove em cada 10 refugiados sírios vivem em extrema pobreza. Além disso, cerca de 81% da população libanesa também vive atualmente na pobreza, um número que quase dobrou desde 2019.

Na Jordânia, onde a taxa de desemprego atingiu quase 25% em 2021 e na Turquia, pelo menos 1,8 milhão de sírios vivem na pobreza.

Segundo Steiner, o clima agrava a situação na região. No Iraque, outro país que recebe sírios, a desertificação já afeta quase 40% do país e mais de 7 milhões de pessoas não têm acesso à água potável.

Assim, ele reforça o pedido de financiamento, afirmando que é necessário investir em respostas de resiliência baseadas no desenvolvimento para enfrentar as crescentes fragilidades na região e promover a estabilidade necessária.