OMS: Covid-19 causou pelo menos 14,9 milhões de mortes diretas ou indiretas BR

Agência da ONU cita estimativas de óbitos em excesso entre 2020 e 2021; dados indicam que houve 9,4 milhões de mortes a mais que o total reportado como sendo causado pelo novo coronavírus.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, anunciou que cerca de 14,9 milhões de pessoas em todo o mundo morreram como resultado direto ou indireto da Covid-19. Os dados correspondem ao período entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021.
Esses números representam um total quase três vezes maior do que o anunciado oficialmente.
Até agora, a OMS havia contabilizado 5,4 milhões de óbitos que foram relatados à agência da ONU pelas autoridades sanitárias de todo o mundo. Mas com os números divulgados nesta quinta-feira, são acrescidos mais de 9,5 milhões de mortes subnotificadas.
A diretora-geral assistente da Divisão de Dados e Análise de Impacto, Samira Asma, disse que o excesso é a diferença entre o número de mortes registradas e aquelas que seriam esperadas se a pandemia não ocorresse.
Já o diretor-geral Tedros Ghebreyesus considera os dados preocupantes porque “não apenas apontam para o impacto da pandemia, mas também para a necessidade de todos os países investirem em sistemas de saúde mais resilientes que possam sustentar serviços essenciais durante crises, incluindo sistemas de informação mais fortes.”
O chefe da OMS destacou que a agência está empenhada “em trabalhar com todos os países para fortalecer seus sistemas de informação de saúde e gerar melhores dados para melhores decisões e melhores resultados.”
O cálculo do excesso de mortalidade é a diferença entre o número de mortes que ocorreram e o número que seria esperado na ausência da pandemia com base em dados de anos anteriores.
A variável inclui mortes diretas associadas à Covid-19 ou óbitos indiretos devido ao impacto da crise nos sistemas de saúde e na sociedade.
Nas mortes indiretamente ligadas ao coronavírus se consideram condições de saúde para as quais as pessoas não tiveram acesso à prevenção e tratamento, porque os sistemas do setor foram sobrecarregados pela pandemia.
A estimativa de mortes em excesso também pode ser influenciada por óbitos evitados na crise devido aos menores riscos de determinados eventos, como acidentes automobilísticos ou acidentes de trabalho.
De acordo com a OMS, a maioria das mortes em excesso, ou 84%, está concentrada no Sudeste Asiático, Europa e Américas. Apenas 10 países em todo o mundo apresentam cerca de 68%.
Economias de renda média respondem por 81% das 14,9 milhões de mortes em excesso. Destas, cerca de 53% em nações de rendas média baixa e 28% em países de renda média alta durante os 24 meses.
As estimativas para o período em análise consideram o excesso de mortalidade por idade e sexo. O maior número de vítimas fatais foram homens com 57%, e 43% para o sexo feminino. Grande parte eram idosos.
A contagem absoluta do excesso de mortes é afetada pelo tamanho da população. O total por 100 mil dá uma imagem mais objetiva da pandemia do que os dados relatados de mortalidade por causa da Covid-19.
O diretor-Geral assistente para Resposta a Emergências da OMS disse que os dados são a base da atuação para promover a saúde, manter o mundo seguro e servir os vulneráveis.
Ibrahima Socé Fall confirmou que já se sabe onde estão as lacunas de dados e deve ser intensificado de forma coletiva o apoio aos países, para que cada um deles “tenha a capacidade de rastrear surtos em tempo real, garantir a prestação de serviços essenciais de saúde e proteger a saúde da população.”
A nova análise foi realizada por especialistas do Grupo Técnico Consultivo para Avaliação de Mortalidade pela Covid-19 e consultas aos países.
Pessoal da OMS e do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas usaram uma nova metodologia “para gerar estimativas de mortalidade comparáveis, mesmo quando os dados estão incompletos ou indisponíveis.”