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Meninas melhoram desempenho em matemática e se igualam aos meninos BR

Recurso deve ser adaptado às vagas online, a dados de candidatos e à metodologia da big data necessária para aplicá-la
Rimma Mukhtarova and Sabina Baki
Recurso deve ser adaptado às vagas online, a dados de candidatos e à metodologia da big data necessária para aplicá-la

Meninas melhoram desempenho em matemática e se igualam aos meninos

Mulheres

Publicação da Unesco mostra que meninas fecharam lacuna em áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática; performance feminina é superior em leitura; agência da ONU diz que efeitos da pandemia na educação serão conhecidos apenas no futuro.

Uma nova publicação da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, aponta que a diferença de gênero que favorece os meninos em matemática nas séries iniciais vem desaparecendo gradualmente.

O relatório é um apelo para a discussão sobre a desigualdade de gênero e as barreiras que ainda impedem as meninas de alcançarem seus potenciais. O estudo, divulgado anualmente, analisou dados de 120 países no ensino fundamental e médio para oferecer um panorama global.

Esta pesquisa confirma que a disparidade de gênero na aprendizagem diminuiu mesmo nos países mais pobres
Rimma Mukhtarova and Sabina Baki
Esta pesquisa confirma que a disparidade de gênero na aprendizagem diminuiu mesmo nos países mais pobres

Resultados

Os resultados mostram que, nos primeiros anos, os meninos têm um desempenho melhor do que as meninas em matemática, mas essa diferença de gênero desaparece mais tarde.

Esta pesquisa confirma que a disparidade de gênero na aprendizagem diminuiu mesmo nos países mais pobres. Segundo a Unesco, em alguns países, a diferença agora é revertida.

Por exemplo, na 8ª série, a diferença é a favor das meninas em matemática em 7% na Malásia, 3% no Camboja, 1,7% no Congo e 1,4% nas Filipinas.

Estereótipos de gênero

No entanto, o levantamento aponta que preconceitos e estereótipos ainda podem afetar os resultados da aprendizagem.

Embora as meninas se recuperem em matemática no ensino primário e secundário, os meninos têm muito mais probabilidades de estarem sobrerepresentados entre os melhores desempenhos em matemática em todos os países.

Em países de renda média e alta, as meninas na escola secundária têm notas significativamente mais altas em ciências.

Apesar dessa vantagem, elas ainda são menos propensas a optar por carreiras científicas, indicando que os preconceitos de gênero ainda podem ser obstáculos para a busca de educação adicional nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, Stem.

Meninas superam meninos em leitura

O relatório aponta que o desempenho das meninas em leitura é ainda superior em relação a matemática e ciências. Mais meninas atingem proficiência mínima em leitura do que meninos.

A maior lacuna na educação primária está na Arábia Saudita. Enquanto 77% das meninas atingem proficiência mínima em leitura na 4ª série, esse número é de 51% entre os meninos.

Na Tailândia, as meninas superam os meninos em leitura em 18%, na República Dominicana em 11% e no Marrocos, em 10%.

Mesmo em países onde meninas e meninos estão no mesmo nível de leitura nas séries iniciais, como na Lituânia e na Noruega, a diferença em favor das meninas aumenta para cerca de 15% aos 15 anos.

Malala

A Prêmio Nobel da Paz Malala Yousafzai comentou sobre os resultados do relatório avaliando que as meninas demonstram que podem se sair bem na escola quando têm acesso à educação. Mas muitas, e particularmente mais desfavorecidas, não estão tendo a chance de aprender.

Ela ainda faz um apelo para que o potencial das meninas seja alimentado para que possa crescer. Ao citar o exemplo do Afeganistão, onde elas têm o direito negado, Malala afirmou que é “de partir o coração” que a maioria das meninas afegãs não tenha a oportunidade de mostrar ao mundo suas habilidades.

A Unesco explicou que os dados se referem à situação pouco antes da pandemia.

Segundo a agência, os resultados no aprendizado foram severamente afetados nos países que fecharam as escolas por longos períodos e não conseguiram oferecer oportunidades de aprendizado remoto para a maioria de seus alunos.

A Unesco acredita que levará algum tempo para que seja capturada uma imagem global do impacto a longo prazo da pandemia, incluindo seu impacto de gênero.