ONU preocupada com falta de acesso de investigadores à cidade do Mali, onde morreram centenas
Autoridades confirmaram pelo menos 203 mortes após operação militar na cidade de Moura; escritório da ONU menciona alegadas execuções sumárias e várias outras violações graves de direitos humanos em ação há três semanas.
As Nações Unidas expressaram extrema preocupação com o impedimento de acesso de seus investigadores à cidade maliana de Moura, onde uma operação de larga escala de tropas locais e supostos combatentes estrangeiros causou centenas de mortes em finais de março.
O Escritório dos Direitos Humanos disse ter informações preliminares indicando que civis eram a maioria das vítimas. Uma nota emitida em Genebra revela que além das supostas execuções sumárias, as forças de defesa também teriam estuprado, saqueado e detido arbitrariamente várias pessoas durante a operação militar.
Transição
A nota cita um comunicado divulgado em 6 de abril, no qual as autoridades de transição do Mali davam conta da abertura de uma investigação sobre os incidentes em Moura no Tribunal Militar de Mopti.
O apelo feito às autoridades de transição é que garantam que esta investigação seja “oportuna, completa, independente e imparcial”.
Outra recomendação é que seja assegurado o acesso rápido, seguro e desimpedido à área aos peritos da Missão das Nações Unidas no Mali, Minusma.
A operação de paz fez a primeira deslocação sem sucesso ao local em 1º de abril. O escritório destaca que a investigação no terreno é essencial e que a questão do tempo é vital para garantir a responsabilização e justiça imediata e eficaz para as vítimas.
O governo maliano confirmou que pelo menos 203 combatentes de “grupos armados terroristas” foram mortos na operação e presas 51 pessoas. O porta-voz da ONU destaca extrema preocupação porque as autoridades malianas ainda não concederam acesso aos especialistas de direitos humanos.