Alta de temperaturas e queda de chuvas reforçam alerta sobre leste de África BR

Etiópia, Quênia e Somália enfrentam emergência iminente; OMM confirma que região enfrenta a seca mais grave em quatro décadas; leste africano tem mais de 29 milhões habitantes ameaçados pelos altos níveis de insegurança alimentar.
A Organização Meteorológica Mundial, OMM, lançou o alerta mais recente sobre a “perspectiva bastante real” da falta de chuvas. A situação que acontece pela quarta temporada consecutiva colocará os países da África Oriental em seca mais longa dos últimos 40 anos.
Etiópia, Quênia e Somália já foram alvos de apelos urgentes lançados por agências humanitárias que defendem mais apoios internacionais para se evitar uma fome generalizada.
A comunidade hidro meteorológica abriu o ano 2022 com frequentes alertas de um possível desastre a especialistas às Nações Unidas e agências humanitárias. A meta dos contatos é fornecer assessoria e apoiar ações antecipadas e de planejamento.
Este ano, o primeiro mês da estação chuvosa que se estende entre março e maio foi particularmente seco. De acordo com a última avaliação do Centro de Previsão e Aplicações Climáticas da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento, Igad, a região como um todo também registrou temperaturas mais altas e chuvas abaixo do normal.
O centro climático regional da OMM lembra que a temporada conhecida como a “de chuvas longas” é a principal estação chuvosa, em especial na região equatorial que contribui com até 70% da precipitação anual.
O secretário executivo do Igad, Workneh Gebeyehu, disse que a chuva que cai durante o período é essencial e falha por quatro temporadas consecutivas. O fator associado a conflitos na região e na Europa, se junta ao impacto do Covid-19 e a desafios macroeconômicos que levaram a insegurança alimentar a níveis agudos no extremo leste da África.
Além das recorrentes secas, a região também foi afetada por grande surto de gafanhotos do deserto nos últimos dois anos.
O Igad lidera o Grupo de Trabalho de Segurança Alimentar e Nutrição com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO. O órgão estima que mais de 29 milhões de pessoas enfrentam altos níveis de insegurança alimentar em toda a região.
Entre 6 milhões e 6,5 milhões delas vivem na Etiópia, 3,5 milhões no Quênia e 6 milhões na Somália. O centro-sul somali abriga 81 mil pessoas em risco de fome.
Esta semana, a FAO, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e o Escritório da ONU de Assistência Humanitária pediram mais fundos urgentes para a escalada de medidas essenciais no país onde 40% dos somalis estão à beira da fome.
A situação ameaça severamente seis áreas do país onde o aumento de pessoas necessitadas foi quase duas vezes superior em relação ao que enfrentam níveis extremos de insegurança alimentar aguda desde o início do ano.