Ucranianas não são vítimas, mas agentes de mudanças, diz ONU Mulheres
No Conselho de Segurança, chefe da agência da ONU, diz que participação feminina é essencial na busca de paz, segurança e democracia; já Unicef menciona efeitos do fogo cruzado e uso de armas explosivas contra menores em áreas povoadas; Pnud citou iniciativa para combater violência sexual.
O Conselho de Segurança debateu esta segunda-feira a situação da guerra na Ucrânia e o impacto sobre mulheres e meninas.
A diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, afirmou que as mulheres são parte da solução em temas como paz, segurança e democracia.
Agentes de mudança
Bahous visitou a Moldávia, vizinho da Ucrânia, que acolhe 95 mil refugiados da guerra. Para ela, as ucranianas não devem ser “vistas como vítimas, mas sim como agentes da mudança, e já o são”.
A chefe da ONU Mulheres disse que o número crescente de alegações de estupro e violência sexual “deve ser investigado de forma independente para garantir justiça e responsabilidade.”
Para ela, a combinação de deslocamentos em massa com a grande presença de recrutados, mercenários e a brutalidade aos civis são sinais de alerta.
Na quarta-feira, a representante especial do secretário-geral sobre Violência Sexual em Conflitos abordará o tema no Conselho.
Desespero
A ONU Mulheres defende que os efeitos da guerra sejam avaliados além-fronteiras da Ucrânia, com atenção para a necessidade de maior vigilância de passagens de fronteira e “o crescente risco de tráfico humano à medida que a situação aumenta o desespero”.
Já o diretor do Escritório de Programas de Emergência do Fundo da ONU para a Infância, Manuel Fontaine, lamentou a falta d’água e outros serviços básicos que afetam menores principalmente em cidades como Mariupol e Kherson.
Em todo o país, mais de metade das 3,2 milhões de crianças vivem sob o risco de não ter comida suficiente. Ataques à infraestrutura de água e energia deixaram cerca de 1,4 milhão de pessoas sem acesso aos serviços. Outros 4,6 milhões de pessoas têm acesso, mas limitado.
Até domingo, as Nações Unidas confirmaram a morte de 142 crianças e o ferimento de outras 229 em “números que são provavelmente muito maiores”. Elas são vítimas de fogo cruzado e de armas explosivas em áreas povoadas.
Risco
Fora da reunião, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, disse que pretende abordar o impacto socioeconômico causado pela guerra na Ucrânia, onde nove em cada 10 pessoas poderão estar em risco de pobreza no próximo biênio.
O Banco Mundial prevê que a economia ucraniana sofra retração em cerca de 45,1% este ano, embora a magnitude da contração dependa da duração e intensidade da guerra.
Pela iniciativa lançada esta segunda-feira, em Nova Iorque, o Pnud quer ajudar a manter resiliência como parte da resposta diferentes dimensões da crise e conservar os ganhos de desenvolvimento da Ucrânia”.
Durante dois anos, a iniciativa da agência visará mitigar os efeitos da guerra que segundo as estimativas iniciais, causa perdas de duas décadas de progresso socioeconômico.
Conflito
O administrador do Pnud, Achim Steiner, revelou que a atuação junto ao governo ajudará a “sustentar estruturas essenciais de governança para gerenciamento de resposta a emergências, fornecer serviços públicos vitais e proteger os meios de subsistência.”
Foi para evitar um atraso mais acentuado nos progressos que o programa abrangente foi concebido para apoiar as autoridades da Ucrânia e a resposta humanitária e de crise liderada pelas Nações Unidas.
Stainer considerou vital que ao lado de várias agências e parceiros humanitários no país prossiga a atuação que requer auxílio imediato e pretende manter as “economias locais funcionando para garantir que as pessoas ainda tenham meios de subsistência.”
Subsistência
A prioridade da agência é apoiar pessoas em situação mais fragilizada garantindo o acesso equitativo de mulheres e meninas às necessidades básicas e suporte aos meios de subsistência.
A meta é impulsionar habilidades, apoiar empresas e consolidar o acesso das mulheres ao financiamento, redes e mercados.
Outro alvo é abordar a crescente vulnerabilidade das mulheres à violência, incluindo a violência sexual relacionada a conflitos.
O Pnud atua com instituições locais e a sociedade civil nos esforços de resposta em nível comunitário.
Com larga presença em território ucraniano, a agência prometeu aproveitar sua extensa rede de parceria no terreno, apesar da guerra em curso no país.