Brasil “angustiado” com falta de solução no Conselho de Segurança sobre Ucrânia
Embaixador Ronaldo Costa Filho diz à ONU News que função do órgão é sentar e negociar uma solução por meios pacíficos e não por meios das armas; Brasil diz que tem atuado para convencer outros membros do órgão, mas não esconde frustração com impasse.
O Brasil diz que existe uma “certa inoperância” do Conselho de Segurança para chegar a soluções negociadas e acabar com a guerra na Ucrânia.
Em entrevista à ONU News, o representante brasileiro nas Nações Unidas, Ronaldo Costa Filho, disse que o Brasil tem atuado para conseguir levar todos à mesa de conversações, mas o tema não avança.
Tarefa do Conselho
“Olha, o Brasil vê toda a situação da Ucrânia com grande preocupação. Se nos limitarmos ao conflito, em si, na Ucrânia, temos duas ordens de preocupação. Uma é o sofrimento humano que ele está provocando nas populações afetadas, nos deslocamentos de civis, de refugiados, números inéditos e que causam um sofrimento indizível. A segunda ordem de preocupação que o Brasil tem é no que nós percebemos uma certa inoperância do Conselho de Segurança diante deste conflito. Temos dito isso, dentro do Plenário, que nos angustia o fato de que o Conselho é incapaz de chegar a soluções negociadas, consensuais porque isso é, afinal das contas, a tarefa e a obrigação dos membros do Conselho: sentar e negociar e conseguir que se alcance a paz por meios negociados e não por forças das armas. Então, temos uma angústia e uma frustração no Conselho sobre o que está acontecendo.”
Desde 1 de janeiro, o Brasil ocupa um assento rotativo no Conselho de Segurança com mandato até o final de 2023.
Presidente da Ucrânia
Na segunda-feira, o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky participou da sessão do Conselho sobre a situação no país e horas após imagens mostrando corpos de ucranianos pelas ruas da cidade de Bucha circularem em todo o mundo.
O presidente pediu ao Conselho que tome uma ação para acabar com a guerra ou que se prepare para ser dissolvido pela sua falta de resolução.
Já o representante da Rússia junto à ONU, o embaixador Vasily Nebenzia, disse que as “imagens eram fabricadas” e que as acusações eram mentira.
Mais de 7 milhões de ucranianos já se refugiaram em países vizinhos, a maioria na Polônia, desde que a guerra começou em 24 de fevereiro.
Suspensão da Rússia no Conselho de Direitos Humanos
Nesta quinta-feira, a Assembleia Geral se reúne novamente em sessão especial de emergência para analisar uma resolução apoiada pelos Estados Unidos que sugere a suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos.
Ao ser perguntado sobre o tema, o porta-voz do secretário-geral da ONU disse que esta é uma decisão dos países-membros, mas que António Guterres se preocupava com “o precedente” que a decisão poderia criar.
Ao participar da sessão do Conselho de Segurança na segunda-feira sobre a Ucrânia, o chefe da ONU disse que a guerra tem que acabar já.