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Brasil “angustiado” com falta de solução no Conselho de Segurança sobre Ucrânia BR

O embaixador brasileiro Ronaldo Costa Filho durante reunião de emergência no Conselho de Segurança sobre a Ucrânia
ONU/Mark Garten
O embaixador brasileiro Ronaldo Costa Filho durante reunião de emergência no Conselho de Segurança sobre a Ucrânia

Brasil “angustiado” com falta de solução no Conselho de Segurança sobre Ucrânia

Paz e segurança

Embaixador Ronaldo Costa Filho diz à ONU News que função do órgão é sentar e negociar uma solução por meios pacíficos e não por meios das armas; Brasil diz que tem atuado para convencer outros membros do órgão, mas não esconde frustração com impasse.

O Brasil diz que existe uma “certa inoperância” do Conselho de Segurança para chegar a soluções negociadas e acabar com a guerra na Ucrânia.

Em entrevista à ONU News, o representante brasileiro nas Nações Unidas, Ronaldo Costa Filho, disse que o Brasil tem atuado para conseguir levar todos à mesa de conversações, mas o tema não avança.

Brasil “angustiado” com falta de solução no Conselho de Segurança sobre Ucrânia

Tarefa do Conselho

“Olha, o Brasil vê toda a situação da Ucrânia com grande preocupação. Se nos limitarmos ao conflito, em si, na Ucrânia, temos duas ordens de preocupação. Uma é o sofrimento humano que ele está provocando nas populações afetadas, nos deslocamentos de civis, de refugiados, números inéditos e que causam um sofrimento indizível. A segunda ordem de preocupação que o Brasil tem é no que nós percebemos uma certa inoperância do Conselho de Segurança diante deste conflito. Temos dito isso, dentro do Plenário, que nos angustia o fato de que o Conselho é incapaz de chegar a soluções negociadas, consensuais porque isso é, afinal das contas, a tarefa e a obrigação dos membros do Conselho: sentar e negociar e conseguir que se alcance a paz por meios negociados e não por forças das armas. Então, temos uma angústia e uma frustração no Conselho sobre o que está acontecendo.”

Desde 1 de janeiro, o Brasil ocupa um assento rotativo no Conselho de Segurança com mandato até o final de 2023.

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, discursa na reunião do Conselho de Segurança sobre a situação na Ucrânia
UN Photo/Loey Felipe
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, discursa na reunião do Conselho de Segurança sobre a situação na Ucrânia

Presidente da Ucrânia

Na segunda-feira, o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky participou da sessão do Conselho sobre a situação no país e horas após imagens mostrando corpos de ucranianos pelas ruas da cidade de Bucha circularem em todo o mundo.

O presidente pediu ao Conselho que tome uma ação para acabar com a guerra ou que se prepare para ser dissolvido pela sua falta de resolução.

Já o representante da Rússia junto à ONU, o embaixador Vasily Nebenzia, disse que as “imagens eram fabricadas” e que as acusações eram mentira.

Mais de 7 milhões de ucranianos já se refugiaram em países vizinhos, a maioria na Polônia, desde que a guerra começou em 24 de fevereiro.

Destruição causada por uma explosão em Kyiv, Ucrânia.
Unicef/Anton Skyba for The Globe and Mail
Destruição causada por uma explosão em Kyiv, Ucrânia.

Suspensão da Rússia no Conselho de Direitos Humanos

Nesta quinta-feira, a Assembleia Geral se reúne novamente em sessão especial de emergência para analisar uma resolução apoiada pelos Estados Unidos que sugere a suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos.

Ao ser perguntado sobre o tema, o porta-voz do secretário-geral da ONU disse que esta é uma decisão dos países-membros, mas que António Guterres se preocupava com “o precedente” que a decisão poderia criar.

Ao participar da sessão do Conselho de Segurança na segunda-feira sobre a Ucrânia, o chefe da ONU disse que a guerra tem que acabar já.