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Estudo da OMS revela como mulheres são tratadas na hora do parto BR

Grávida faz exames em hospital no Camboja.
Foto: World Bank/Chhor Sokunthea
Grávida faz exames em hospital no Camboja.

Estudo da OMS revela como mulheres são tratadas na hora do parto

Saúde

Evidências comprovam que mães ao redor do mundo enfrentam “tratamento inaceitável”; vários direitos são violados na hora de ter bebê ou logo depois, incluindo direito à privacidade, consentimento informado e o direito de ter uma pessoa de confiança em todos os momentos.  

Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde, OMS, que acaba de sair na publicação especializada BMJ Journals, mostra como mulheres e recém-nascidos são tratados durante o parto.  

O estudo menciona “cada vez mais evidências comprovando que mulheres ao redor do mundo enfrentam tratamento inaceitável durante o nascimento de seus filhos.” Entre os problemas, estão violações aos direitos à privacidade, ao consentimento informado e em ter uma pessoa de confiança durante todo o parto.  

Aumento da confiança  

Estudo da OMS avalia também situação de recém-nascidos.
Foto: © UNICEF/Andriy Boyko
Estudo da OMS avalia também situação de recém-nascidos.

A OMS destaca que os maus-tratos podem “prejudicar seriamente a confiança no hospital ou centro de saúde” e assim, “as mulheres podem evitar esses locais antes, durante e depois do parto”, gerando consequências sérias para a saúde e bem-estar de mães e bebês e até colocando vidas em risco.  

A pesquisadora do Departamento de Saúde Reprodutiva da OMS, Ozge Tunçalp, explica que “melhorar a experiência das mulheres durante o nascimento dos bebês é essencial para aumentar a confiança nos centros de saúde e garantir acesso a cuidados de qualidade no pós-parto”. 

Abusos físicos  

Enfermeira examina mulher grávida em Shrawasti, na Índia
Unicef/UN0281069/Vishwanathan
Enfermeira examina mulher grávida em Shrawasti, na Índia

Mais pesquisas são “necessárias com urgência” para se entender melhor as experiências das grávidas na hora de dar à luz e melhorar o tratamento. A análise feita pela agência da ONU mostra, por exemplo, que mulheres que não podem ter acompanhante são geralmente as que mais relatam “abuso físico, procedimentos médicos não-consensuais e falhas na comunicação”, na comparação com as que entraram na sala de parto acompanhadas.  

A pesquisa mostra ainda a importância de se entender melhor as experiências das mulheres para melhorar os cuidados, avaliando a satisfação delas e tendo em conta também responsabilizar aqueles que cometem maus-tratos.  

Baseada em observações na hora do parto, um dos estudos mostra a importância crucial “da boa comunicação e de processos claros de consentimento”, especialmente durante exames vaginais, sendo necessária “reduzir a exposição da mulher e aumentar a privacidade, sempre com o uso de cortinas”.  

Respeito é essencial  

Parteira oferece cuidados em Daikundi, Afeganistão.
Foto: © UNFPA Afghanistan
Parteira oferece cuidados em Daikundi, Afeganistão.

No caso das adolescentes grávidas, os maus-tratos contribuem para a “insatisfação e perda de oportunidade de engajamento com esse grupo”.  

A pesquisa comprova ainda que “o desenvolvimento de medidas confiáveis e concisas em todo o mundo ajuda a promover iniciativas de melhorias duradouras na qualidade” dos serviços de saúde na hora do parto.  

A pesquisadora da OMS, Ozge Tunçalp, lembra que “quando mulheres e seus bebês recebem cuidados respeitosos, de qualidade e centrados na pessoa, existem mais chances delas buscarem cuidados de saúde e procurarem seus médicos”. A especialista acredita que essas novas evidências farão com que medidas sejam tomadas para reduzir os maus-tratos em todo o mundo.