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Alegações de atividades biológicas na Ucrânia marcam debate no Conselho de Segurança BR

Mulher observa sua casa destruída por bombardeios em Mariupol, Ucrânia.
Foto: © UNICEF/Evgeniy Maloletka
Mulher observa sua casa destruída por bombardeios em Mariupol, Ucrânia.

Alegações de atividades biológicas na Ucrânia marcam debate no Conselho de Segurança

Paz e segurança

Representante da ONU reitera que não tem conhecimentos sobre existência deste tipo de programa; chefe de Desarmamento enfatiza que Nações Unidas “não têm mandato nem capacidade técnica ou operacional” para realizar investigação; autoridades ucranianas confirmam que oito dos 15 reatores do país estão funcionando. 

O conflito na Ucrânia esteve no centro de uma sessão do Conselho de Segurança ocorrida nesta sexta-feira. A alta representante da ONU para os Assuntos de Desarmamento, Izumi Nakamitsu, disse ter sido informada que a Rússia apresentou documentos alegando a existência de armas biológicas no território ucraniano.  

Convenção 

Alta representante para Assuntos de Desarmamento da ONU, Izumi Nakamitsu
ONU/Loey Felipe
Alta representante para Assuntos de Desarmamento da ONU, Izumi Nakamitsu

No discurso, ela reiterou que tal como informado há uma semana, as Nações Unidas não têm conhecimento sobre a existência de programas do tipo. Nakamitsu, que também é secretária-geral, observou que a ONU “não tem mandato nem capacidade técnica ou operacional para investigar” este tipo de informação. 

A chefe dos Assuntos de Desarmamento destacou que tanto a Rússia como a Ucrânia são Estados-membros da Convenção sobre Armas Biológicas. 

O tratado inclui medidas para lidar com situações em que países “tenham preocupações ou suspeitas sobre as atividades do tipo em outras nações”, incluindo a convocação de reunião consultiva. Ela reiterou o apelo do secretário-geral para o fim imediato dos confrontos na Ucrânia.  

Energia Nuclear  

O reator e o abrigo da unidade 4 danificados em Chernobyl, na Ucrânia. A Aiea foi informada de que os russos estão controlando a usina
© Aiea/Dana Sacchetti
O reator e o abrigo da unidade 4 danificados em Chernobyl, na Ucrânia. A Aiea foi informada de que os russos estão controlando a usina

Izumi Nakamitsu frisou que a 9ª Conferência de Revisão da Convenção, ainda em preparação, será uma oportunidade ideal para que os Estados reforcem a Convenção de forma abrangente. 

Nesse sentido, ela destacou a prontidão do Escritório das Nações Unidas para Assuntos de Desarmamento em apoiar quaisquer procedimentos da Convenção sobre Armas Biológicas. 

No discurso ao Conselho de Segurança, a representante da ONU destacou ainda a segurança das instalações de energia nuclear da Ucrânia. 

Dados da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea,  apontam que todos os sistemas de segurança da usina nuclear de Zaporizhzhya permaneceram totalmente funcionais, na sequência da perda de ligação do local a uma terceira linha de energia externa que liga à rede elétrica nacional. 

Rede elétrica  

A atualização feita à entidade da ONU pelas autoridades ucranianas ressalta que embora estejam presentes funcionários da empresa estatal de energia nuclear da Rússia nas instalações no sul da Ucrânia, a equipe ucraniana continua operando a usina. 

Em relação à usina de Chernobyl, dados indicam que a instalação permanece conectada à rede elétrica nacional, após a reconexão em 14 de março. No entanto, os operadores e guardas ucranianos das instalações não são substituídos há três semanas. A Aiea informou que oito dos 15 reatores da Ucrânia continuam operando. 

Armamento 

Desde 24 de fevereiro, o conflito já provocou pelo menos 2.032 incidentes envolvendo civis, 780 mortes dos quais fazem parte 58 crianças.  

Nakamitsu destacou que o número real de vítimas pode ser muito maior.  

De acordo com a subsecretária-geral, grande parte das vítimas foi afetada por armas explosivas com ampla área de impacto durante ataques aéreos e uso de artilharia pesada, incluindo sistemas de foguetes de lançamento múltiplo, mísseis balísticos e de cruzeiro.