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CSW abre portas para sociedade civil e debate violência contra mulheres na política BR

Comissão sobre o Estatuto da Mulher realiza o segundo maior evento no calendário da ONU, depois da Assembleia Geral
ONU Mulheres/ Ryan Brown
Comissão sobre o Estatuto da Mulher realiza o segundo maior evento no calendário da ONU, depois da Assembleia Geral

CSW abre portas para sociedade civil e debate violência contra mulheres na política

Mulheres

Nesta quarta-feira, secretário-geral da ONU falou com representantes de organizações civis sobre ações para avançar a equidade de gênero; no dia anterior, presidente da Assembleia Geral ouviu representantes de Estados-membros sobre iniciativas contra violência de gênero no meio político.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, esteve nesta quarta-feira em um evento com representantes da sociedade civil para debater igualdade de gênero. O encontro faz parte da 66ª Sessão da Comissão da ONU sobre o Estatuto da Mulher, CSW.

Ao lado da diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, o chefe da ONU lembrou o tema da reunião deste ano e destacou que a tripla crise global com mudança climática, poluição e perda de biodiversidade representa “uma enorme ameaça ao progresso dos direitos das mulheres e da igualdade de gênero”.

Presidente da Assembleia Geral, Abdulla Shahid, discursa em evento sobre mulheres
UN News/Paulina Kubiak Greer
Presidente da Assembleia Geral, Abdulla Shahid, discursa em evento sobre mulheres

Sociedade

Na abertura do evento, Guterres reforçou a importância de envolver as mulheres nas decisões, tanto as relacionadas ao clima como em outras. Ele ainda afirmou que estava aberto a responder às questões das organizações civis, mas que, acima de tudo, gostaria de ouvir ideias e preocupações.

Destacando os pontos descritos em seu relatório Agenda Comum, ele apresentou cinco iniciativas que afirma serem fundamentais para fomentar a igualdade de gênero. Primeiro, Guterres destaca que todas as leis que discriminam com base no gênero devem ser revogadas.

O chefe da ONU adiciona que também é necessário alcançar a participação igualitária das mulheres em todos os setores e em todos os níveis de tomada de decisão, investir na inclusão econômica das mulheres e abordar o trabalho de cuidado não remunerado.

Por fim, ele pede que as vozes e a liderança das mulheres jovens sejam impulsionadas, afirmando que cada país deve ter um plano para acabar com todas as formas de violência contra mulheres e meninas.
Violência contra mulheres na política

Na terça-feira, o Presidente da Assembleia Geral liderou um evento da CSW para debater a violência sofrida por mulheres em cargos políticos.

Abdulla Shahid afirmou que como ex-parlamentar, a violência contra as mulheres na política é um “assunto próximo ao seu coração”. Ele qualificou de “falha moral e ética da nossa sociedade” por ainda existirem tantos casos pelo mundo.

O evento reuniu vice-presidentes, ministros de governo e altos funcionários de mais de 20 Estados-membros da ONU, sendo que alguns falaram por experiência própria sobre as barreiras para concorrer a cargos como mulher candidata. 

A ministra Damares Alves participa da 63ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher, CSW63, na sede da ONU em Nova Iorque.
Reprodução
A ministra Damares Alves participa da 63ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher, CSW63, na sede da ONU em Nova Iorque.

 

Entre os países de língua portuguesa, a Ministra de Direitos Humanos do Brasil, Damares Alves, afirmou que a violência de gênero na política impacta a qualidade da democracia. Para ela, isso é um problema global que reflete uma questão histórica de violência contra as mulheres. 

A ministra brasileira citou uma lei, recentemente criada, para prevenir, reprimir e combater a violência política contra mulheres candidatas ou em cargos públicos.

Violação dos direitos humanos

A vice-secretária-geral das Nações Unidas, Amina Mohammed, disse que a violência contra as mulheres na política é uma violação dos direitos humanos que visa minar a governança. Para ela, o objetivo é silenciar as mulheres e privá-las de participar.

A chefe da ONU Mulheres, Sami Bahous, disse que “a violência silencia as mulheres, as torna invisíveis e as coloca fora do espaço público”. Isso, por sua vez, impede diretamente o progresso da Agenda de Desenvolvimento Sustentável, que visa tirar as pessoas da pobreza e criar um mundo mais igualitário e sustentável.

As mulheres hoje ocupam 26,1% dos assentos parlamentares em todo o mundo, em comparação com 13,1% em 2000, segundo a União Interparlamentar. A proporção de mulheres oradoras parlamentares também aumentou de 8,3% em 2005 para 24,7% em 2021.

Para Abdulla Shahid, à medida que a participação das mulheres na política aumentou, também aumentou a violência contra elas. Os dados mostram que é resultado de mais mulheres se manifestando, mas também como por medidas insuficientes para lidar com o problema.