Portugal aponta saúde e emprego como prioridade ao abrigar ucranianos
Ministra portuguesa de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva participa na nova sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher na sede das Nações Unidas; conversa com a ONU News em Nova Iorque destaca expectativas e impactos de crises para o avanço da igualdade de gênero; evento de duas semanas arrancou esta segunda-feira.
No primeiro dia da 66ª. Sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, CSW, a ONU News conversou com a Ministra de Estado e da Presidência de Portugal.
Mariana Vieira da Silva afirma que o país ressaltará a importância da inclusão da temática de gênero “nas revoluções” que estão acontecendo, especialmente sobre o clima e transformação digital. O evento teve início esta segunda-feira e termina em 25 de março.
Inclusão
“Se queremos que a transição digital e climática seja um momento de avanço para o mundo, de desenvolvimento, de coesão, então elas têm que ter a preocupação de serem justas, em particular nessa dimensão da igualdade entre homens e mulheres”.
Em uma avaliação sobre o impacto da pandemia de Covid-19 no avanço da igualdade de gênero, Mariana Vieira da Silva observou que grande parte dos empregos ocupados por mulheres sofreram o choque da crise.
“Temos que estar mais vigilantes e enérgicos na ação sobre a desigualdade, em particular as que se relacionam com o mercado de trabalho. Nesses anos, os trabalhos mais precários, com menos direitos, foram muito afetados, e essas foram as primeiras pessoas a ficarem sem trabalho e são majoritariamente ocupados por mulher. Por isso, temos que trabalhar nessa precariedade. Esse combate deve ser uma prioridade pós-pandemia porque a pandemia mostrou que essa falta de direitos se transforma numa intensa desigualdade para as mulheres”
Ucrânia
Falando sobre a recepção de refugiados vindos da Ucrânia, a ministra portuguesa reforçou que o país já recebeu mais de 6 mil refugiados que fogem no conflito no leste europeu. A ministra ressalta que a maioria são mulheres e crianças.
“Muitas pessoas passaram os últimos dias de suas vidas num profundo choque que nós nem podemos imaginar e por isso esse acompanhamento e programas dirigidos às mulheres, a situação de saúde em questão, muitas vezes mulheres grávidas que chegaram nos últimos dias, as consultas que temos que dedicar as crianças que passaram muitas horas em pé para atravessas a fronteira... essa tem sido a preocupação inicial. E depois, iniciar a integração no mercado de trabalho que sabemos que é fundamental para integramos qualquer cidadão”
Portugal abriu as fronteiras e facilitou o acesso à pedidos de proteção temporária para nacionais ucranianos e outros que viviam no país antes do início do conflito, no final de fevereiro. O país também criou um centro de acolhimento para os refugiados, com capacidade para 100 pessoas.
Exemplo
Mariana Vieira da Silva destacou que em seu papel no governo, sente a obrigação de ser exemplo para muitas meninas, mas também meninos, que se acostumaram a ver apenas homens em posições na política.
A representante portuguesa citou que o mundo observa diversas ameaças de recuo aos ganhos dos direitos das mulheres. Por isso considera importante que continue o debate sobre as desigualdades. A ministra afirma que a mensagem que quer deixar é que, embora ainda sejam minoria, as mulheres querem seguir lutando para alcançarem a equidade e devem continuar fazendo seu trabalho bem e com orgulho.
Mariana Vieira da Silva celebrou ainda o retorno das reuniões presenciais do CSW, ressaltando que contribui para o reencontro e o compartilhamento de formas de enfrentamento da crise sanitária e aprofunda as discussões para se alcançar um mundo mais verde.